sexta-feira, 30 de março de 2012

Portaria n.º 91/2012


Encontra-se publicada a Portaria n.º 91/2012. D.R. n.º 65, Série I de 2012-03-30, do Ministério da Educação e Ciência, que constitui a segunda alteração à Portaria n.º 550-E/2004, de 21 de maio, que cria diversos cursos do ensino recorrente de nível secundário. A Portaria aprova os respetivos planos de estudos e aprova o regime de organização administrativa e pedagógica e de avaliação aplicável aos cursos científico-humanísticos, os cursos tecnológicos e os cursos artísticos especializados, nos domínios das partes visuais e dos audiovisuais, de ensino recorrente de nível secundário.
Aceder à Portaria nº91/2012, aqui.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Guia de Orientação para o mundo do trabalho

Richard Estes, Ten Doors

Guia de Orientações – Atividades de Aproximação ao Mundo do Trabalho é um manual de apoio aos profissionais de orientação que desenvolvem atividades com alunos do ensino secundário, particularmente com aqueles que se encontram a frequentar formações profissionalmente qualificantes (CEF, EFA, C. profissionais, C. Tecnológicos….).

Os pontos trabalhados no Guia são:
- Balanço da tomada de decisão no 9º ano;
- Exploração do mundo do trabalho
- Balanço de competências;
- Transição para o mercado de trabalho.

Este Guia encontra-se aqui e está identificado por Guia de Orientação para o Mundo do trabalho

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ansiedade na matemática é uma coisa real

Num estudo publicado na revista Psychological Science , com o título A Base do neurodesenvolvimento na ansiedade a matemática, os pesquisadores descrevem que há um aumento na região do Cérebro relacionada com o medo nos alunos que evidenciam ansiedade à matemática. Consequentemente, devido ao aumento de exitação nesta região, houve diminuição da atividade cerebral nas regiões ligadas â resolução de problemas. 

Saber mais sobre artigo Math Anxiety Linked With Differences In Brain Functioning, Study Finds, Aqui  e Aqui.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O sentido da vida

Gustavo Fernandes Elementos Naturais

ENTREVISTA a António Francisco Mendes Pedro (1ª Parte)

Da autoria de Ana Vieira de Castro publicada no Suplemento XIS do Jornal Público a 24.7.06, com o título O Sentido da Vida.
Dados de 2006: O Prof Dr. António Francisco Mendes Pedro é professor de Psicologia e Psicossomática no ISPA; pertence à Sociedade Portuguesa de Psicossomática e ao Centro Kairos – Psicologia, Psicossomática e Filosofia.

Para si, o que é o sentido da vida?
AFMP: O sentido da vida talvez se encontre na própria vida, na forma como a vivemos. Podemos descobri-lo, descobrindo a vida. Também lhe podemos dar sentido a partir de explicações e compreensões verbais, intelectuais. Mas o que interessa é descobrir o sentido que as coisas têm para nós. Isso é uma procura que eu sinto estar ligada às coisas pequenas da vida, implícitas a ela própria. Quando, por exemplo, gostamos de uma pessoa, temos a possibilidade de partilhar com ela sentimentos, intimidades. Tudo isso tem um sentido que depois se revela em pequenas coisas como uma troca de olhares ou um gesto que nos leva espontaneamente a oferecer um presente. Quando os nossos filhos vêm ter connosco numa situação difícil, de emergência, estamos ali à disposição deles. Então sinto que a vida tem sentido quando, juntamente com eles, descubro qualquer coisa que os move, que os faz andar. São estes pequenos fait-divers que fazem sentido, não são grandes discursos intelectuais.
...
Nota: a entrevista na íntegra, poderá ser lida no meu outro blogue, na Etiqueta Entrevistas:

Guia do Emprego para Jovens



Está já disponível o "Guia do Emprego para Jovens" o qual foi promovido pelo Conselho Nacional de Juventude e organizado pelo Instituto de Direito do Trabalho, da Faculdade de Direito de Lisboa, e que pretende ser uma ferramenta útil, de fácil utilização e leitura, através da qual qualquer jovem possa aceder às informações sobre direitos e deveres no mercado de trabalho.
A realização deste Guia inseriu-se no Projecto Rumo ao Emprego Jovem, desenvolvido no âmbito do primeiro ciclo do Diálogo Estruturado.
Aceder ao Guia, aqui. 

domingo, 25 de março de 2012

A psicologia das dietas


Michelle Segar psicóloga, foi entrevistada por Ana Gerschenfeld para o Jornal Publico. Essa entrevista com o título "Fazer exercício e dieta é como namorar dois homens ao mesmo tempo", datada de 24.03.12 está aqui, na íntegra:

Como criar uma relação a longo prazo com o exercício físico? Como encaixar esta atividade na nossa vida, já de si muito preenchida?
Michelle Segar, guru norte-americana de Psicologia Motivacional aplicada à atividade física, acha que as razões que damos a nós próprios para fazer exercício físico estão todas erradas, porque seguem paradigmas médicos de saúde e de perda de peso que só nos convencem durante um curto período de tempo.
Esta investigadora da Universidade do Michigan - que é também empresária e autora de um método de mudança do comportamento nesta área - deu uma conferência em Oeiras no fim-de-semana passado, a convite de Pedro Teixeira, professor da Faculdade de Motricidade Humana, no âmbito de um seminário sobre a promoção de hábitos de vida saudáveis. A construção de uma relação sustentável e duradoura das pessoas com a atividade física, explicou Michelle Segar ao PÚBLICO, passa por redefinir o que nos motiva a ser ativos - e por perceber que bastam 15 minutos por dia para melhorar o resto das 24 horas.

Qual é o objetivo central da sua investigação?
M.S: Interessa-me sobretudo perceber as razões, saber quais são as motivações, que levam as pessoas a fazer exercício físico de forma sustentável, a longo prazo. E também olhar para a maneira como a nossa cultura nos educa socialmente para a prática de atividades físicas, porque isso determina as atitudes da população.

E o que concluiu?
M.S: Que há qualquer coisa que não bate certo. Em 75% dos casos, as pessoas fazem exercício físico quer pelos benefícios para a saúde, quer para perder peso. Ambas são razões lógicas - e culturais. Mas, quando analisamos as motivações que mais promovem a manutenção a longo prazo deste comportamento, vemos que as duas razões referidas correspondem, na realidade, aos níveis mais baixos de exercício físico. É esse o problema.

E acha que a baixa motivação produzida por estas razões se deve ao facto de ambas serem do âmbito médico?
M.S: Sim. Mas, se me tivesse perguntado isto há seis anos, não teria respondido a mesma coisa, porque pensava que as razões de saúde eram boas razões para as pessoas se tornarem mais ativas. Só que, para as pessoas ocupadas, que trabalham full-time, a saúde é uma razão demasiado abstrata, à qual é muito difícil conferir uma prioridade elevada no dia-a-dia.
De facto, os cientistas têm estudado a prática de atividade física de uma forma muito míope. Para perceber como produzir um comportamento sustentável, é preciso recolocá-lo no contexto de todas as outras coisas que fazemos na nossa vida quotidiana.

Estuda sobretudo mulheres de meia-idade. O que as motiva mais para a prática de actividades físicas?
M.S: Aspetos relacionados com a sua qualidade de vida quotidiana, tais como a melhoria do bem-estar e a redução do stress. Acho que é por aí que devíamos começar a promover o exercício físico. Quando estamos menos stressadas gostamos mais do nosso trabalho, somos mais criativas, não ficamos tão irritadas com os nossos cônjuges, temos mais paciência com os nossos filhos. Sentimo-nos mais felizes. As mulheres nem reparam nisso porque estão sempre a pensar nisto [bate com a mão na barriga]. Mas quando as ensinamos a reparar nesse aspeto, a sua forma de encarar a atividade física muda totalmente.

E o método que desenvolveu tenta ensinar as pessoas a focar-se em que vantagens?
M.S: É um método focado nas motivações. A primeira etapa consiste em criar motivações sustentáveis. Mas o processo não acaba aqui. Numa segunda etapa, é preciso ajudar as pessoas a darem prioridade à atividade física para conseguirem aumentar o seu bem-estar e qualidade de vida. Ora, enquanto a criação de motivações é muito rápida, a reavaliação das prioridades é mais complexa, porque tem a ver com o valor que atribuímos às nossas diversas actividades diárias e não apenas ao exercício físico. Onde é que se encaixa a actividade física? Isto é mais difícil de mudar.
É claro que não há nada que funcione para toda a gente. Mas, quando falamos de exercício físico desta nova maneira, vemos que o facto de reduzir o stress nos permite fazer melhor as outras coisas que consideramos prioritárias. Esses 15 minutos por dia de exercício são um investimento cujo retorno é exponencialmente maior.

Já trabalhou com pessoas que não queriam fazer exercício, que achavam isso a coisa mais chata do mundo, e que acabaram por tirar prazer dessa actividade e encaixá-la nas suas vidas sobrecarregadas?
M.S: Sim. Antes de começarmos e no fim do processo, as participantes preenchem um formulário onde, entre outras coisas, lhes peço para avaliarem a atividade física numa escala de 1 a 5, que vai de "tarefa chata" (chore) a "recompensa" (gift). No início, dão a nota 1 ou 2, porque a maior parte das mulheres vê o exercício físico como mais uma obrigação chata. Mas, no fim, quase todas dão a nota 4 ou 5.

E depois, mantêm-se activas?
M.S: Os NIH (National Institutes of Health) financiaram um estudo [que envolveu 226 mulheres saudáveis com idades entre os 40 e os 60 anos] no qual testei o meu método de intervenção durante seis semanas. O estudo mostrou que, 10 a 14 meses após a intervenção, 50 a 75 por cento das mulheres mantinham níveis ainda relativamente altos de atividade física.

Ainda há quem recomende uma "dose" mínima diária de exercício físico, mas o discurso "oficial" tem-se tornado mais flexível. A que se deve esta mudança?
M.S: A principal razão é que as abordagens rígidas não funcionam. O impossível não é sustentável. As autoridades de saúde cometeram um grande erro tático, promovendo um ideal. Temos estado a dizer às pessoas: [faz voz grossa] "toda a gente tem de fazer 30 minutos de exercício moderado a intenso, cinco dias por semana". Mas, quando ensinamos os miúdos a tocar piano, não começamos com Mozart! A mensagem devia ser - e isso começa a acontecer - "levantem-se, mexam-se mais e vejam como se sentem"! Uma outra razão para a mudança de discurso são os estudos que mostram até que ponto passar o dia sentado faz mal à saúde. Fazer com que as pessoas se levantem da cadeira, mesmo um nadinha, é realmente indispensável.

Estudos como os seus têm influenciado as mensagens?
M.S: Fui entrevistada pela consultora do Colégio Americano de Medicina Desportiva - os responsáveis, nos EUA, por uma campanha intitulada O exercício é um medicamento (Exercise is medicine). Estão a reposicionar-se, a fazer o rebranding da campanha dirigida ao público - porque se, para os clínicos, o mote atual pode ser adequado (desde que os ensinemos a falar com os seus doentes...), para as pessoas em geral, que nem sequer tomam os seus remédios quando estão doentes... O medo não é motivador e acho mesmo que as mensagens vão começar a mudar.

As motivações dos homens e das mulheres para fazer exercício são as mesmas?
M. S: Os nossos resultados ainda não foram publicados, mas posso dizer que constatámos que as respostas a certas mensagens sobre a saúde, a perda de peso e o bem-estar não eram iguais nos homens e nas mulheres. Não sei se pelo facto de as nossas mensagens não se adequarem bem aos homens ou porque existem diferenças reais. No marketing tradicional, as mulheres e os homens são tratados de maneira diferente e talvez isso também valha para o exercício físico. Temos de estudar muito mais o marketing.

O que pensa das dietas?
M.S: Não tenho trabalhado muito nesta área, mas penso que aqui também cometemos um grande erro ao utilizar um paradigma médico, neste caso o da perda de peso. Temos andado a dizer às pessoas que deveriam, ao mesmo tempo, iniciar uma atividade física e fazer uma dieta. Se o nosso objetivo é que um comportamento como o exercício seja sustentável ao longo de toda a vida, por que é que lhes pedimos para fazerem tanto de uma só vez? Fazer exercício e dieta é como namorar dois homens ao mesmo tempo.
Para mais, a atividade física não é assim tão eficaz para perder peso! Temos andado a dar informações erradas ao público sobre esta questão. É provável que nem os médicos percebam os contributos relativos do exercício físico e da alimentação, em termos de perda de peso. Pense só na rapidez com que engolimos um bolo de 600 calorias. Glup! e já está! Mas para queimar 600 calorias... nem uma hora de exercício chega. Acho que a associação exercício/perda de peso é prejudicial.

A mensagem em relação à perda de peso também está a mudar?
M.S: Sim. Os industriais estão sempre à frente do pelotão, porque gastam rios de dinheiro em estudos de marketing. E o que é interessante é que até empresas que querem que compremos os seus produtos para perder peso estão a alterar as razões para o fazermos. Estão a deixar de promover a perda de peso e a começar a promover a alegria de viver, a liberdade, a felicidade. Acho que são esses os verdadeiros "iscos". Nos EUA, há um anúncio onde em vez de números, aparecem na balança palavras como essas, que são as coisas que verdadeiramente nos interessam.

Também é motivador incluir uma determinada atividade física no nosso dia-a-dia que não possamos evitar? Deixar o carro em casa, por exemplo.
M.S: Acho este aspecto extremamente importante. Em princípio, as razões exteriores não alteram este comportamento de forma sustentável. Mas quando não temos outra opção... Posso dizer que é precisamente por essa razão que continuo a andar a pé. Moro a cerca de 2,5 quilómetros do meu trabalho e costumava ir lá a pé. Só que, agora, tenho uma criança de quatro anos e o tempo tornou-se o meu bem mais precioso. Mas não abandonei as caminhadas: estaciono o meu carro uns cinco minutos mais perto do meu emprego, num sítio onde o estacionamento é gratuito, e faço a pé a última parte do caminho. Se estacionasse um bocadinho mais perto, multavam-me, e se estacionasse mesmo ao pé tinha de pagar 8 dólares por dia. Não estou disposta a pagar. Este tipo de solução tem duas vantagens: poupa-se bastante dinheiro e encaixa-se o exercício físico na vida quotidiana.

O ginásios e health clubs não são para si?
M.S: Acho que são um modelo masculino do exercício físico. Em geral, são as mulheres que tratam da família, da casa, para além de trabalharem no exterior. Estamos sempre muito ocupadas. Os homens podem dizer: "Querida, volto às sete, vou jogar basquete com a malta". Não estou a dizer que os ginásios não servem, eu própria vou à YMCA e acho que têm um papel a desempenhar.

Existem ginásios para mulheres. São diferentes?
M.S: Promovem mais a socialização. E as mulheres que lá vão não são aquelas mulheres mesmo magras, em forma, com os seus fatinhos ajustados. Foi uma ideia muito inteligente, a de capitalizar no aspeto social.

Imagem retirada de alamedavirtual.com.br.

quarta-feira, 21 de março de 2012

PAIS por Daniel Sampaio

Gilbert and George, All my life I give you nothing and still you ask for more, 1970
O psiquiatra e terapeuta familiar Daniel Sampaio, fala dos vários tipos de pais, numa entrevista áudio, na TSF, aqui. 

terça-feira, 20 de março de 2012

Dicionário de língua gestual


Spread the sign é um Projecto Internacional do Programa Leonardo da Vinci, no âmbito da Transferência de Inovação. Pretende divulgar na internet línguas gestuais de diferentes países. Este instrumento pedagógico de auto-aprendizagem é de acesso gratuito em qualquer parte do mundo.
Coloque a palavra que pretende ver traduzida em língua gestual, no http://www.spreadthesign.com/pt/

segunda-feira, 19 de março de 2012

Capítulo 2 – A Chegada

- Mari! Mari, minha querida!

A chegada das suas sobrinhas logo de madrugada fez Adelaide descer a infinidade de escadas que levavam à entrada principal do palácio que lhe pertencia. O sol agradável da manhã erguia-se por entre a magnífica paisagem de montanhas cobertas de branco próximas da floresta que rodeava a formação rochosa de onde o palácio se erguia.

Ao abrir a porta do carro, Mari foi abraçada por uma brisa fresca que a arrepiou.

- Brrr… Está mais frio aqui que na cidade!

Mari era uma rapariga de 17 anos, alta tal como a sua tia, de longos cabelos loiros e ondulados. Os seus olhos eram de um verde que se confundia com as folhas de uma planta e a sua pequena boca exibia quase sempre um discreto sorriso. Andava sempre com uma fita cor-de-rosa em volta da cabeça e usava brincos em forma de coração. Mas por detrás da sua aparência doce e ingénua estava uma rapariga bastante inteligente que avaliava sempre a situação em que se encontrava e penetrava nas mentes dos outros conseguindo saber o que sentiam e o que pensavam.

- Bom dia menina, fez boa viagem?

- Oh sim, Abdalónimo, obrigada! Que bom ver-te novamente!

- Igualmente, menina. Com licença, vou retirar as suas malas do carro.

Depois de Mari, saíram Catarina e Kris do carro, respectivamente a sua prima e o seu vizinho, também seu afilhado no clube em que os três andavam na escola. Catarina tinha a mesma idade de Mari e eram fisicamente parecidas, mudando apenas cor de cabelo, sendo ele castanho, e cor de olhos, estes mais parecidos com a sua tia Adelaide. Catarina era muito arrogante e convencida e talvez fosse esse o motivo pela sua lista de amigos ser mais reduzida e apesar de estes traços ser uma referência nela, não o demonstrava com os mais próximos.

- Obrigado por também me teres cumprimentado, Abdalónimo! Estou bem, obrigada! Bah!

- Peço desculpa, menina Catarina, eu estava só a tirar as malas e já a ia cumprimentar! – Sussurrando. – Insolente!

Por fim, Kris era o mais novo do trio, com apenas 14 anos. A sua alcunha deve-se ao seu primeiro nome, provavelmente único, ser excessivamente grande: Kristopheryan. Kris tinha cerca de metade do tamanho das suas amigas e cabelo escuro. Os seus olhos eram azuis-claros e lembravam mesmo os de um cão husky. Era um rapaz quase sempre bem-disposto e que se dava estranhamente bem com Catarina.

- Uau… Aquela é que é a casa da vossa tia?! É enorme!

- Não, aquilo não é a casa da nossa tia, é o palácio da nossa tia! – Riu Mari.

- Então este é que é o vosso colega… Meninas? – Perguntava Abdalónimo dirigindo-se na direcção de Kris.

- Sim, é! Kris, este é o Abdalónimo, o mordomo da minha tia. E algures ali… Oh, lá está ela, a nossa tia! – Respondeu Mari, olhando depois para a tia que finalmente descera todas as escadas e se aproximava delas apressadamente.

- Minhas sobrinhas! Que saudades! Estão boas? Fizeram boa viagem? Que acham da floresta? Não é tão agradável o ar fresco vindo das montanhas? Ai é tão bom ter-vos cá! – Cumprimentava entre muitos beijinhos e abraços.

- Senhora, eu já tenho as malas todas, subimos?

- Ai seu chato, se alguma das minhas malas lindas e maravilhosas ficarem amachucadas dessas mãos, obrigo-o a comprar umas novas! – Resmungou Catarina.

Depois de subir as mais de duzentas escadas que levavam a um pátio que dava entrada ao palácio puderam contemplar a paisagem de pinheiros que tingiam de verde a longa planície que se estendia desde o sopé da serra. Em volta do pátio várias colunas clássicas erguiam-se, segurando o entablamento onde se podiam ver figuras interessantes esculpidas. Todo este cenário criava um ambiente de espaço infinito onde a Natureza se apoderava das emoções de quem o observava.

- Este vai ser o melhor fim-de-semana de sempre! – Disse Kris para si próprio.

Luis Filipe R. C. Leão

quarta-feira, 14 de março de 2012

Quando as nossas imagens íntimas vão parar à Internet - SEXTING




O artigo (na íntegra) de Bárbara Wong publicado no Jornal Publico de ontem. Antes porém, a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos da Escola Secundária Jaime Moniz (APESJM),irá realizar uma conferencia sobre este assunto no dia 17de Março (saber mais: http://apesjm.wordpress.com/ )

"O namoro acabou e uma foto ousada da rapariga de 16 anos foi parar à Internet. A norte-americana Therese Fowler escreveu sobre o tema no seu livro Escândalo. Pais têm de estar atentos. Afinal, é crime.
Pedro e Joana, cha-memos-lhe assim, já foram namorados, já estiveram louca-mente apaixonados. Por causa de Pedro, a rapariga de 16 anos deixou de ser a aluna exemplar de que os pais e os professores se orgulhavam. Por causa de Joana, o rapaz, da mesma idade, deixou de sair e de estar com os amigos. E eles lutaram para ficar juntos até que, um dia, o namoro acabou. Poucas horas depois de Joana ter terminado a relação, Pedro publicou, numa rede social, a fotografia da ex-namorada, numa pose sensual. A fotografia tinha sido Joana a enviar-lhe, pelo telemóvel, quando ainda estavam apaixonados.
Mensagens com conteúdo sexual, com imagens ou com filmes, são chamadas "sexting" - o termo nasceu da junção das palavras em inglês "sex" e "texting" - "para referir a difusão de mensagens e imagens com conteúdos eróticos ou sexuais, trocadas inicialmente entre dois utilizadores, e que, de um momento para o outro, podem ter ampla divulgação no domínio público através da sua publicação na Internet", explicam Marta Reis e Lúcia Ramiro, investigadoras da Equipa Aventura Social da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), da Universidade Técnica de Lisboa.
"Não fiz nada. Na imagem só se via um pouco do meu decote, via-se o peito, mas não os mamilos, era um decote grande, mas e se eu estivesse nua? E se tivéssemos tirado fotos mais comprometedoras? Era horrível... Isso ia estragar a minha vida", confessa ao PÚBLICO a rapariga, aluna do 10.º ano, de Lisboa.
É verdade, uma vez divulgada a imagem na Internet, perde-se o controlo da mesma e esta pode ser usada por quem quiser, como quiser. Pode ser usada, por exemplo, em sites pornográficos. Na Internet, torna-se uma "tinta permanente", alerta Carlos Cabreiro, da Polícia Judiciária (PJ).
No caso de Joana, a imagem não chegava a ser pornográfica, "era só ousada", reafirma a rapariga, mas, se fosse, Pedro poderia ser criminalizado. Afinal, o sexting é crime. O crime de pornografia envolvendo menores com enquadramento na Internet está contemplado no Código Penal e prevê penas que vão de um a cinco anos de prisão, em caso de produção, distribuição, venda ou cedência de imagens pornográficas.
"Os jovens têm de perceber que tudo o que fazem virtualmente pode ter um enorme impacto na vida real", advertem as investigadoras da FMH. O mesmo diz Cabreiro: os jovens têm "perfeita percepção das potencialidades dos equipamentos" - telemóveis com câmaras de filmar, máquinas fotográficas e acesso à Internet -, "podem não ter é das consequências".
Filho preso
"Os adolescentes olham de maneira diferente para a Internet. Para eles é uma fonte infinita de informação, mas também um espaço de diversão e de encontro. E tudo isto pode ser bom e útil, mas, como acontece muitas vezes, os adolescentes podem estar pouco atentos aos perigos e devem ser educados para os evitar", alerta Therese Fowler, escritora norte-americana cujo filho esteve preso por ter enviado imagens impróprias, dele, a pedido de uma amiga.
Amelia pega no telemóvel e fotografa o namorado, Anthony. "Pareces a estátua de um deus grego - Apolo", diz-lhe enquanto capta a imagem do rapaz de 18 anos nu. Mais tarde, a rapariga de 17 anos diz-lhe que as fotografias ficaram demasiado escuras e que gostava que ele fizesse outras. O rapaz acede, afinal, vão estar separados oito semanas e envia-lhe as imagens por correio electrónico. Imagens essas que são descobertas pelo pai de Amelia e Anthony acaba por ser preso.
Esta não é uma história real, mas é baseada no que aconteceu com o filho de Therese Fowler, a autora norte-americana de Escândalo, editado pela Asa. Pode ser a história de qualquer casal de namorados que, nos dias de hoje, usufrua de todas as novas tecnologias, do telemóvel de última geração, ao email e às redes sociais, o que facilita a partilha de imagens.
Um dia, o filho de Therese Fowler foi preso por ter enviado umas imagens dele a pedido de uma rapariga, que não era a sua namorada. Dias mais tarde, estava Therese a escrever, em casa, quando o filho se aproximou e disse-lhe que a polícia estava à porta para o levar. A família da amiga tinha feito queixa do rapaz. "Felizmente, foi acusado de uma ofensa menor. Mas se tivesse sido acusado e condenado ficaria com registo de criminoso sexual", conta a escritora ao P2.
A queixa acabou por ser retirada, mas a família ficou muito abalada com a acusação, com o dinheiro que gastou na defesa do rapaz - "milhares de dólares", diz a autora - e, sobretudo, com a exposição pública - "como o caso foi noticiado na televisão e jornais locais, sentíamos que todos nos olhavam como se fôssemos criminosos da pior espécie", confessa Fowler.
A experiência levou a escritora a abandonar o livro que estava a escrever e a criar as personagens de Escândalo: neste caso, Anthony e Amelia estão apaixonados e são uma espécie de Romeu e Julieta dos tempos modernos, que vivem uma história de amor proibida.

Tendência para aumentar
O sexting não acontece apenas entre namorados. Há amigos ou colegas de escola que passam mensagens com imagens comprometedoras; há também desconhecidos, adultos, que entram em contacto com crianças e adolescentes e trocam mensagens de cariz sexual que, depois, dão origem a chantagens e a violência sexual.
"O sexting implica violência psicológica e não física", esclarecem as investigadoras da Aventura Social.
Existem "casos dramáticos", alerta Carlos Cabreiro, coordenador de investigação criminal da secção de investigação de crimes informáticos da Polícia Judiciária (PJ), de Lisboa, que se recorda de um, em particular: um namorado que, terminada a relação, publicou imagens que obrigaram a ex-namorada a mudar de escola e a família a mudar de cidade. Mas ainda mais dramáticos são os casos que envolvem adultos e menores, casos de abuso sexual e de pornografia.
Carlos Cabreiro diz que o sexting está a aumentar mas não avança com números, uma vez que pode ser classificado tanto como devassa da vida privada como abuso sexual de menores ou extorsão. "Mas é uma prática que tem vindo a crescer, o uso das novas tecnologias para exposição do corpo", sublinha o responsável da PJ.
O inquérito EU Kids Online mostra que, no último ano, apenas 3% dos jovens entre os 11 e 16 anos revela ter colocado online mensagens de cariz sexual - imagens, fotografias, vídeos ou texto -; e 15% afirma ter recebido esse tipo de mensagens. Segundo Cristina Ponte, coordenadora da equipa portuguesa deste projecto europeu, "o facto de serem poucos os jovens que declaram ter colocado online mensagens deste tipo pode dever-se a uma expectativa social". Ou seja, apesar de o inquérito garantir o anonimato, os estudantes inquiridos sabem quais são as expectativas sociais em torno das suas respostas. "Aliás, surgem cada vez mais histórias de exibição de fotos e filmes caseiros na Internet ou pelo telemóvel e essas histórias nem sempre têm um desfecho feliz", lamentam as investigadoras da Aventura Social.

Apesar de serem poucos os inquiridos que dizem ter trocado imagens, entre eles, são os mais velhos que mais têm essa prática: 6% dos que têm 11 e 12 anos viu ou recebeu imagens de cariz sexual, no último ano, na Internet; um valor que aumenta para 10% dos adolescentes com 13 e 14 anos; e sobe para 22% no caso dos que têm 15 e 16 anos.
O pedido para mostrar fotos ou vídeos de zonas genitais são feitos sobretudo aos jovens de 13 e 14 anos, ao passo que os mais velhos estão na posição de recipientes de mensagens ou imagens desse tipo, continua o estudo EU Kids Online.
Os pais estão pouco atentos a esta questão - apesar de 15% dos jovens entre os 11 e os 16 anos confessarem já ter recebido mensagens de cariz sexual, apenas 2% dos pais consideram que os filhos já tiveram essa experiência, avança o mesmo estudo.
Therese Fowler não tem dúvidas de que uma das razões porque decidiu escrever foi para alertar os pais e os adolescentes para que o "sexting é crime". E o livro pode servir para isso mesmo, para pais e filhos conversarem sobre o tema.

A Polícia Judiciária tem feito acções de prevenção para alunos, pais e professores, alertando para a protecção não só da imagem como dos dados pessoais. "Se andamos com a carteira do bolso [para não ser roubada], também devemos guardar os nossos dados pessoais", alerta Carlos Cabreiro.
"Não há usos sem riscos, mas estes podem ser acautelados se houver cuidado com a nossa exposição na rede", considera Cristina Ponte, que aconselha os mais novos a, caso sejam vítimas de sexting, a não guardarem a chantagem para si, mas a denunciar, a "contrariar o sofrimento em silêncio e o sentimento de vergonha".

Imagem retirada de theemployerhandbook.



sábado, 10 de março de 2012

Portal da Dislexia


Octávio Moura e Psicólogo credenciado Pela DREN (Direção Regional de Educação do Norte - Ministério da Educação) para efeitos de avaliação psicopedagógica, E o autor do Site Portal da dislexia  que é um recurso útil para compreender e intervir nesta perturbação.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Calma, as coisas melhoram

A 21 de Setembro de 2010, o jornalista e activista Dan Savage e o seu marido, Terry Miller, publicaram no YouTube um vídeo (o seguinte) dirigido a todos jovens homossexuais, bissexuais ou transgéneros que pensam em cometer suicídio. A mensagem era clara: "It gets better." "Calma, as coisas melhoram". Hoje é um movimento internacional. Fonte: p3.publico



 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Capítulo 1 – O Telefonema

    A leitura da sua revista preferida fora interrompida pelo som do telefone. Adelaide Monique levantou-se então da sua confortável cadeira e apressou-se a atender. Descrevendo Adelaide, era uma mulher alta e magra, de cabelo ruivo, curto e liso com olhos cor-de-mel. Raramente era vista malvestida e não para menos, dada a sua vasta fortuna. Usava habitualmente um batom vermelho que adorava exagerar e na sua roupa justa, mal se mexia.

    - Estou sim? – Perguntou com a sua voz de tom médio e forte.

    A entrar na grande sala com uma cara preocupada estava Abdalónimo, mordomo de Adelaide que percebera que uma vez mais não tinha cumprido o seu objectivo de atender o telefone para que este não incomodasse a leitura da sua patroa. Abdalónimo pode descrever-se como o clássico mordomo velho que serve a família há mais de 3 gerações, mas talvez não tão velho de aspecto, uma vez que se apresentava de cabelo escuro, relativamente poucas rugas para a sua idade e uma saúde impecável.

    - Xô! Estou a falar! – Abanava-lhe a mão Adelaide para que lhe desse alguma privacidade.

    Abdalónimo saiu.

    - Mas isso era uma excelente ideia! Claro, claro que estou disponível! Não, não há problema nenhum! Eu vou esperar por cá então. Sim, por mim é perfeito. Vá, adeus. Beijinho para todos.

    Logo após a chamada terminar, Abdalónimo entrou na sala, seguido por Teresa, a criada (mas mais conhecida por Teresinha), dirigindo-se à patroa.

    - Oh! Abdalónimo! A escutar atrás da porta?! E a Teresinha também?!

    - Ai não patroazinha, eu não fiz nada, juro-lhe! Eu só vi o Abdalónimo entrar e vim…

    - Pois! Veio coscuvilhar!

    - Não, não! Eu vinha limpar aqui o pó – enquanto sacudia com o espanador vários móveis irregularmente – e então…

    - Não diga mais, não é preciso! Querem saber o que era a chamada não é? Pois bem, preparem-se. – Depois, abriu bem os braços no ar e rasgou um grande sorriso na cara. – As minhas ricas sobrinhas vêm cá passar o fim-de-semana!

    - Ai jesus! E quando é que elas vêm? – Perguntava Teresinha aflita, pensado no trabalho que os hóspedes lhe trariam.

    - Amanhã bem cedo, pois claro. Quero mostrar-lhes as vistas e arredores do palácio! Ou comprei eu esta pechincha para nada? Era o que mais faltava! Vamos dar um passeio por aí… Ai! Já tenho tudo pensado!

    - Mas… Mas ó senhora, então e os…

    - “Então e os”, nada! Vá mas é arrumar o quarto de hóspedes! AH! E elas trazem aquele amigo… O “coisinho”… Bem, não interessa. Trazem um amigo.

    - Ai e senhora, então eles ficam todos no mesmo quarto?

   - Mas o que é que essa mente já está aí a pensar Teresinha?! O quarto é enorme, tem três camas! Pare lá de me arranjar problemas e vá trabalhar que é para isso que eu lhe pago e dou habitação e alimentação!

   - Com certeza senhora! Vou já, já estou a ir. Estou a ir.

    Teresinha não era uma criada apenas, mas sim a única criada de Adelaide. Tinha sempre um ar muito atrapalhado e era muito desastrada. Era nova, digamos que por volta dos 20 anos, com cabelos castanho-escuros encaracolados mas quase nunca penteados e tinha um sotaque muito típico da aldeia onde nascera. Parecia estar sempre com receio de algo e era comum deixar um prato ir parar ao chão por culpa disto, mas não era por isso que a sua patroa se mostrava incomodada. Na verdade, Adelaide sempre achou imensa piada à rapariga.

    - E tu Abdalónimo? O que é que ainda aí estás a fazer?! Está a ficar tarde e eu quero que a Maria Amélia faça algo divinal para o jantar, vai-lhe dar a ordem, vá…

   - Com certeza, senhora. – E saiu.

Luis Filipe R. C. Leão
(continua)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Revista Oficial da Ordem dos Psicólogos

A Revista Oficial da Ordem dos Psicólogos – PSIS21 – apresenta as entrevistas e resumos dos Workshops que irão decorrer no 1º Congresso Nacional da Ordem dos Psicólogos, e está disponível online.
Já transcrevemos neste blogue o resumo da apresentação de Eduardo Sá, chamamos hoje a atenção para o workshop de Rui Abrunhosa GonçalvesPsicopatia e Sucesso social: Os psicopatas entre nós.
Aceder à psis21.
Aceder à página da Ordem:
https://www.ordemdospsicologos.pt/pt

segunda-feira, 5 de março de 2012

Coimbra de Matos sobre a adolescência



Anabela Mota Ribeiro entrevista o psicanalista António Coimbra de Matos. Dessa entrevista com o título - Paciente: Portugal; Diagnóstico: depressão desamparada -  pulicada na Publica de 4 de Março de 2012 retirei esta pequena passagem sobre a adolescência. A entrevista na integra, encontra-se no meu outro blogue:
 - Incalculável Imperfeição na etiqueta Entrevistas.
Anabela M. Ribeiro: Essa construção e esse desígnio correspondem a um sair da casa dos pais, a uma libertação das referências do passado?
A. Coimbra de Matos A evolução natural é mais pela conquista do que pela perda. Há tempos ouvi um colega meu que dizia que a adolescência era um período terrível, em que se tinha de fazer o luto da infância, uma série de lutos. Respondi-lhe dizendo que nunca vi os adolescentes vestidos de preto. Conquista-se autonomia, capacidade de decidir por nossa conta. O que nos deve entusiasmar é aquilo que não sabemos, não aquilo que sabemos. O verdadeiro cientista põe perguntas e tem poucas respostas, interessa-se por aquilo que não sabe e que quer descobrir, não por aquilo que já sabe.

Anabela M. Ribeiro: Na adolescência, aliada a uma curiosidade e a uma turbulência instigadora, temos uma coisa preciosa: a rede, que sabemos que está lá para o caso de cairmos.
A. Coimbra de Matos A adolescência é um período de autonomia assistida. Mas aí, mais uma vez, a geração dos mais velhos aceita mal. “Se quiseste sair de casa, agora aguenta-te.” Há uma certa dificuldade em deixar partir e ficar como reserva de retaguarda. Isto levanta outra perspectiva, que é a dificuldade de aceitar a morte. Não aceitamos a nossa decadência, temos de manter os filhos dominados.
Permitir a liberdade dos fi hos é sentir que já não estamos cá a fazer nada, que somos menos úteis. Somos o primeiro animal que tem consciência da finitude da existência, os outros têm medo da morte imediata. Só há um processo para ultrapassar aquilo a que chamo “a angústia essencial”, a angústia [que resulta da] consciência de que temos um prazo (apesar de nunca se ultrapassar totalmente, transcende-se um pouco isso): realizando alguma coisa, uma obra, transmitindo cultura.

Anabela M. Ribeiro: São pouquíssimos os casos de pessoas que acham que não se realizam através dos filhos e dos percursos dos filhos.
A. Coimbra de Matos: Ter gosto que o filho progrida é normal e saudável.Ter gosto que o filho continue a obra do pai, que seja médico como o pai, que trate da quinta como o pai tratava, ou que siga o mesmo partido político, que tenha as mesmas ideias sociais, é um disparate. Porque não permite a evolução. A evolução faz-se por fracturas. Há duas ideias sobre o progresso; há a ideia de que o progresso se faz na continuidade — acrescenta-se àquilo que já se sabe, na mesma linha. Um exemplo disso era a evolução na continuidade do Marcelo Caetano; e há outra ideia de progresso, que é por ideias fracturantes. Sou apologista desta.
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