sábado, 30 de dezembro de 2017

GUIÃO: Conhecimento, Género e Cidadania no Ensino Secundário




Título: Conhecimento, Género e Cidadania no Ensino Secundário 
Autoria: Cristina C. Vieira (coord.), Conceição Nogueira, Fernanda Henriques, Fernando M. Marques, Filipa Lowndes Vicente, Filomena Teixeira, Lina Coelho, Madalena Duarte, Maria Helena Loureiro, Paula Silva, Rosa Monteiro, Teresa-Cláudia Tavares, Teresa Pinto, Teresa Toldy e Virgínia Ferreira.
Edição: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género 1.ª ed., 2017

Este Guião destina-se a docentes do ensino secundário, dos cursos científico-humanísticos e dos cursos profissionais, e atende ao facto de este último ciclo de ensino preparar quer para o prosseguimento de estudos, quer para a entrada no mercado de trabalho. As propostas contidas neste Guião pretendem contribuir para esses objetivos. Por um lado, permitem a apropriação de um olhar crítico sobre a vida e as relações de homens e de mulheres nas alunas e nos alunos que seguem a via de ensino e, eventualmente, a via da investigação científica. Por outro lado, o conhecimento, por parte dos alunos e das alunas que optarem pela integração no mercado de trabalho, dos direitos e deveres laborais, dos fatores que põem em risco e condicionam esses mesmos direitos, no atual quadro atual da mobilidade geográfica.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Organização Mundial da Saúde reconhece o vício em videojogos como novo distúrbio mental


A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu recentemente um novo tipo de condição relacionada com a saúde mental. O distúrbio, que em inglês se chama "gaming disorder", é caracterizado por um "padrão de comportamento obsessivo com os videojogos".
No esboço do documentohttps://icd.who.int/ )que apresenta as novas doenças que serão incluídas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da OMS, o vício dos videojogos é identificado como um problema capaz de causar sofrimento àqueles que dele padecem. Os pacientes que apresentam esta condição médica, diz a organização, "não conseguem dominar a sua relação com os videojogos", deixando a frequência, intensidade, duração e contexto dos seus hábitos fora do seu próprio controlo. Fonte: https://tek.sapo.pt/
6D10 Gambling disorder
Description
Gambling disorder is characterized by a pattern of persistent or recurrent gambling behaviour, which may be online (i.e., over the internet) or offline, manifested by: 1) impaired control over gambling (e.g., onset, frequency, intensity, duration, termination, context); 2) increasing priority given to gambling to the extent that gambling takes precedence over other life interests and daily activities; and 3) continuation or escalation of gambling despite the occurrence of negative consequences. The behaviour pattern is of sufficient severity to result in significant impairment in personal, family, social, educational, occupational or other important areas of functioning. The pattern of gambling behaviour may be continuous or episodic and recurrent. The gambling behaviour and other features are normally evident over a period of at least 12 months in order for a diagnosis to be assigned, although the required duration may be shortened if all diagnostic requirements are met and symptoms are severe.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Cooperação e Aprendizagem - Educação intercultural




Cadernos de Formação de Educação Intercultural 1 — Educação lntercultural: Guia do Facilitador 2 — Cooperação Escola-Família: Guia do Facilitador
Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas
Setembro de 2004

Contém sugestões de atividades a desenvolver na sala de aulas:
  1. Círculos Quebrados.
  2. Lógica do Arco-Íris.
  3. Mestre Desenhador
  4. Comunicação Não Verbal
  5. Contar uma História
  6. Foguetão
  7. Resolução de Conflitos
  8. Maus Ouvintes
  9. O Que Faz um Bom Ouvinte ...
  10. ....
  11. ....

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Há quem diga que os rapazes não choram




Há quem diga que os rapazes não choram, que não podem ter medo, não devem demonstrar fraqueza. Há quem pense que as tarefas domésticas não são coisa de homem. E quem ache que a comparação com uma menina é um insulto.
Em que medida o sexismo tem impacto negativo também nos homens que não encaixam nas masculinidades dominantes? Qual pode ser o papel dos homens e dos rapazes na promoção da igualdade de género? Ouvimos a presidente da CIG (Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género), Teresa Fragoso, Ângelo Fernandes, da associação Quebrar o Silêncio, e Nuno Pinto, presidente da ILGA Portugal.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Referencial Europeu para as Competências Digitais dos Educadores

A Comissão Europeia, através do European Commission's Science and Knowledge Service, publicou recentemente o Referencial sobre as Competências Digitais do Educador, intitulado DigComp Edu.
Este Referencial pretende criar uma base que guie a política a todos os níveis e fornecer um modelo que permita às partes interessadas o desenvolvimento de um instrumento concreto, adequado às suas necessidades. Para além disso, pretende desenvolver uma linguagem e uma lógica comuns que possam ajudar à discussão e ao intercâmbio de melhores práticas entre países, e ser um documento de referência para os Estados Membros  ou outros, interessados em validar a integridade e a abordagem das suas próprias ferramentas e frameworks, existentes e futuras.
O modelo de progressão proposto no documento pretende ajudar os educadores a compreenderem os seus pontos fortes e os seus pontos fracos descrevendo diferentes estágios ou níveis de desenvolvimento de competências digitais. Fonte: http://www.dge.mec.pt


Aceda ao documento: https://ec.europa.eu

MATERIAIS do V Seminário de Psicologia e Orientação em Contexto Escolar - Apresentações

Decorreu de 3 e 4 de novembro 2017, no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária – Lisboa o V Seminário Psicologia em contexto escolar, numa organização conjunta da  Direção-Geral da Educação e da  Ordem dos Psicólogos Portugueses, que reuniu um conjunto de peritos nacionais e internacionais. 
Acesso às apresentações do V Seminário ((http://www.dge.mec.pt/seminarios)

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Referencial de Formação do Programa de Promoção da Igualdade e da Diversidade Social e de Combate à Violência Doméstica e de Género


Já está disponível o Referencial de Formação do Programa de Promoção da Igualdade e da Diversidade Social e de Combate à Violência Doméstica e de Género - UNigualdade, editado em dezembro de 2017
A publicação é de acesso gratuito: AQUI

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

CANDIDATURAS ABERTAS: Boas práticas ambientais - Projeto 80


As candidaturas ao Projeto 80 abriram no dia 1 de dezembro 2017, e, podem ser submetidas até 31 de maio de 2018, preenchendo o formulário de candidatura disponível no site:
http://projeto80.pt

O que fazer para poupar água na tua escola?
O que fazer para poupar energia na tua escola?
O que fazer para diminuir a produção de resíduos na tua escola?...
Na página do Projecto 80 encontras documentação sobre o tema da sustentabilidade e orientações para elaborares um projecto nesse âmbito.
Encontras também os GUIAS:
  • Manual de Boas Práticas Ambientais na Escola (da C.M. de Esposende),AQUI
  • Manual de Boas Práticas Empresariais, AQUI
  • Manual de Boas Práticas Ambientais da Ren, AQUI
  • Guia do Consumo Sustentável Junior, AQUI
  • Guia de Boas Práticas - escolas, AQUI 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

“É possível mudar o cérebro dos adolescentes. O que é bom e mau”


Entrevista de Andreia Cunha Freitas à  neurocientista britânica Sarah-Jayne Blakemore que saiu no Jornal Publico  a 10 de Dezembro de 2017:

“É possível mudar o cérebro dos adolescentes. O que é bom e mau”
Os adolescentes precisam de ser “assim”, como são. De se afastarem dos pais, de se aproximarem dos amigos, de correrem mais riscos. Precisam de exercitar a autonomia, treinar a independência. É uma necessidade biológica adaptativa, constata a neurocientista Sarah-Jayne Blakemore, que estuda o (cada vez menos) misterioso mundo do cérebro do 
Adolescente.
A neurocientista britânica Sarah-Jayne Blakemore costuma contar uma história para mostrar uma das muitas diferenças entre crianças e adolescentes. Quando os mais pequeninos se irritam, podemos tentar acalmá-los sugerindo cantar a sua canção favorita. E, muitas vezes, isso resulta. Para os adolescentes, esta estratégia pode ser usada em sentido contrário, constituindo nada mais, nada menos do que uma ameaça. “Ou paras de fazer isso ou canto aqui a tua canção favorita” é uma frase capaz de os travar pela vergonha.
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Quando chegam à adolescência, os filhos afastam-se dos pais, aproximam-se do seu grupo de pares, correm mais riscos, são impulsivos. Além das hormonas, do ambiente e da genética, o seu cérebro está a mudar. Pode parecer óbvio, mas a descoberta de que o cérebro continua a desenvolver-se durante a adolescência, e não apenas durante os primeiros cinco anos de vida, é recente.
Uma boa parte dos créditos por esse conhecimento sobre a plasticidade do cérebro adolescente pertence à investigadora do University College de Londres que esteve em Lisboa numa conferência, organizada pela Fundação Manuel dos Santos, em homenagem a João Lobo Antunes, para falar sobre “O cérebro adolescente”. Graças às novas tecnologias que nos permitem espreitar para este misterioso mundo, sabemos hoje que é possível mudar o cérebro dos adolescentes. Mas ainda sobram muitas perguntas que nos podem ajudar a perceber como e o que fazer para um final (adulto) feliz. Numa entrevista ao P2, a cientista fala sobre o que aprendemos com as imagens cerebrais que denunciam as diferentes estratégias cognitivas nesta conturbada fase da vida. Ficam também alguns conselhos simples. É preciso que todos (pais e filhos) saibam que esta é uma fase de mudança e que é transitória. Recomenda-se ainda uma boa dose de paciência. Tanta (ou mais) como a que tivemos quando eles eram crianças.
O que mudou nos últimos anos sobre o que sabemos dos adolescentes?
Até há cerca de 20 anos havia muita coisa que não sabíamos sobre o cérebro dos adolescentes. Não tínhamos a tecnologia para olhar para dentro de um cérebro humano a funcionar e perceber como muda ao longo da vida. Não sabíamos quando o cérebro parava de se desenvolver. Nos últimos 20 anos, os cientistas têm sido capazes de usar técnicas como a ressonância magnética, funcional e estrutural, para despistar mudanças no cérebro de crianças e adolescentes. Essa investigação, que está a ser feita em todo o mundo, já mostrou que o cérebro não pára de se desenvolver na infância, mas, na verdade, continua a desenvolver-se, em termos de estrutura e funções, ao longo da vida. Durante a infância e também durante a adolescência e no princípio da fase adulta. 
Esse processo de desenvolvimento explica o comportamento de um adolescente? Correr riscos, afastar-se dos pais, ser influenciado sobretudo pelos seus pares.
Provavelmente. Até sabermos que o cérebro continua a desenvolver-se na adolescência, todos estes comportamentos típicos dos adolescentes eram atribuídos a alterações hormonais, mudanças no ambiente, sociais, esse tipo de factores. Agora percebemos que as mudanças de comportamento na adolescência são causadas por uma combinação de factores diferentes, incluindo mudanças muito substanciais no cérebro.
E o que podemos fazer com esse conhecimento?
É útil perceber que correr riscos, a consciência de si mesmo, a influência dos pares e a impulsividade, que são comportamentos mais evidentes na adolescência comparando com outras idades, acontecem por razões biológicas, adaptativas. Não é nada que os adolescentes tenham possibilidade de controlar. São coisas que precisam de fazer e o seu cérebro está a mudar de uma forma que permite que as façam. Estes comportamentos provavelmente coincidem com pressões evolutivas para que se tornem independentes dos pais, para explorar o ambiente que os rodeia, correr riscos, experimentar, para se ligarem aos seus pares, ao seu grupo, para que, eventualmente, muitos anos depois se tornem adultos independentes.
Mas podemos ajudá-los ou resta-nos ser pacientes?
Somos pacientes com as crianças, permitimos que se desenvolvam. Eu tenho dois filhos. Sei que permitimos que façam tolices, tomem decisões tolas, ajudamo-los, sentimos empatia, não esperamos que sejam completamente independentes e que tomem excelentes decisões para eles próprios. Precisamos de fazer isso com os adolescentes. É a mesma coisa. Eles também estão a passar por mudanças substanciais do seu desenvolvimento cognitivo. Como adultos, colocamos muito mais pressão e expectativas nos adolescentes do que nas crianças pequenas. Talvez porque os adolescentes se pareçam com adultos. Esperamos que se comportem como adultos e que tomem boas decisões e que sejam capazes de planear; todo o tipo de comportamentos que, na verdade, sabemos que ainda estão em desenvolvimento.
Por vezes, as coisas correm mal nesta altura da vida, seja na escola seja noutro tipo de situações mais graves, que envolvem crimes, drogas ou álcool. Como cientista, acredita que é possível interferir neste processo de desenvolvimento e, assim, prevenir ou reabilitar estes casos problemáticos?
Sim. As neurociências já mostraram que o cérebro dos adolescentes tem muita plasticidade, é possível mudá-lo. O que é bom e mau, ao mesmo tempo. É mau porque significa que, se o cérebro está a mudar na adolescência, os acontecimentos stressantes no ambiente que os rodeiam podem ser uma má influência para o desenvolvimento do cérebro. Mas também existe aqui uma oportunidade.
Na área da educação e da reabilitação?
Sim, é uma potencial oportunidade em que intervenções, aprendizagens, reabilitações terão um grande impacto, porque o cérebro ainda é maleável. Muito maleável. Se tivermos um adolescente que não teve muito bons resultados na escola primária, por exemplo, não é demasiado tarde para esperar uma mudança. O cérebro ainda se está a adaptar e a aprender.
Encontrou diferenças entre rapazes e raparigas?
Na verdade, não. Os estudos iniciais sobre o desenvolvimento cerebral sugeriam uma diferença de género. Isso foi há 17 anos. Desde essa altura, estudos com mais participantes, apoiados em técnicas de imagem com mais qualidade e melhores técnicas de análise, mostraram que, na verdade, essas diferenças de género não existem de forma evidente.
Mesmo olhando para fenómenos como a diminuição da matéria cinzenta e o aumento da matéria branca do cérebro que já se percebeu que ocorrem neste período da adolescência?
Sim, é quase a mesma coisa nos rapazes e nas raparigas. Acho que isso faz sentido, porque, mesmo que estejam lá, há tanta sobreposição entre os dois géneros que é muito difícil ver diferenças nas médias.
Então não há razão para dizer que as raparigas “crescem” mais rapidamente, são mais sensatas, mais “adultas”?
Essa é uma grande questão. Há tantos estereótipos de género nas culturas.
Isso é um estereótipo?
Não sei. Mas não há provas científicas que mostrem que isso não passa de um estereótipo. Embora, por outro lado, se saiba que há diferenças de género, por exemplo nas doenças mentais. A seguir à puberdade, a depressão é mais comum nas raparigas do que nos rapazes. O mesmo pode dizer-se para os distúrbios alimentares e automutilações. As adições, por outro lado, são ligeiramente mais comuns em rapazes do que em raparigas. Ou seja, há diferenças entre géneros, mas é muito difícil saber por que é que elas existem. Se isso é o resultado de diferenças hormonais... acho que parcialmente será por causa das hormonas, porque as diferenças de género revelam-se na puberdade, quando as hormonas estão a mudar.
Mas também pode ser, em parte, por causa das expectativas. As expectativas sociais para as mulheres são muito diferentes das que existem para os rapazes. Podemos ver isso de forma clara nos distúrbios alimentares, que, já agora, estão a tornar-se mais comuns nos rapazes. Mais uma vez julgo que isso acontece porque a sociedade está a colocar mais pressão e expectativas na imagem que os rapazes devem ter: musculados, bronzeados, e essas coisas. Mas há mais pressão nas raparigas do que nos rapazes. Sobretudo na sua aparência.
Estas descobertas sobre o cérebro dos adolescentes são recentes e, por isso, é impossível fazer comparações. Porém, acredita que este mundo de informação, tecnologias, redes sociais, jogos de computador, novas formas de comunicar, que envolve os adolescentes de hoje, está a mudar o seu cérebro?
Não sabemos, não temos essas informaçõ
es, mas sabemos que o ambiente muda o cérebro. Sabemos que isso acontece na adolescência. Então, parece-me lógico assumir que passar muito tempo em frente de um ecrã nas redes sociais, nos jogos de computador, funcionará como um input ambiental. Portanto, provavelmente, vai influenciar o desenvolvimento do cérebro. No entanto, o mais importante é saber se isso é bom ou mau. Se isso danifica o cérebro ou não. E isso não sabemos. É importante lembrar que, para cada tempo e nova tecnologia que surgiram, se olharmos, por exemplo, para a televisão, rádio, imprensa escrita, mesmo recuando até à invenção da escrita, os adultos dessas gerações também se preocuparam com as consequências destas tecnologias nas mentes dos mais jovens. Platão, por exemplo, tem citações muito interessantes sobre o impacto da escrita. Ele diz que a escrita iria destruir as memórias dos mais jovens, porque eles já não iriam precisar de se lembrar de nada, porque tudo estaria escrito. Portanto, não devemos entrar em pânico sem conhecer exactamente as provas científicas sobre como os ecrãs estarão a afectar o desenvolvimento do cérebro. Actualmente, não temos essas provas.
A sua investigação nesta área começou pelas doenças mentais, mais precisamente pela esquizofrenia, sabendo que muitas delas se manifestam na adolescência. Ainda está à procura dos “gatilhos” destas doenças no cérebro dos adolescentes?
Não estou a trabalhar nisso. Estou a trabalhar ainda no desenvolvimento típico do cérebro dos adolescentes. Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre isso. Mas há outros investigadores que estão a procurar neuroprecursores de doenças mentais. Esses estudos ainda estão no início, mas há algumas indicações que mostram que o cérebro se desenvolve de forma diferente, na sua estrutura e funções, em adolescentes que acabam por desenvolver esquizofrenia ou outras doenças mentais.
Do que está à procura no cérebro dos adolescentes?
Estamos a olhar para a plasticidade do cérebro e a tentar perceber se é particularmente bom a aprender certos tipos de informação na adolescência. Se é um período especial para a aprendizagem.
Recentemente foi publicado um artigo por membros da sua equipa sobre as capacidades para a matemática. É esse tipo de estudos que estão a fazer?
Sim. Mostrámos que o raciocínio não verbal, relacionado com a matemática, acaba por ser mais bem apreendido na adolescência mais tardia do que na inicial. Isso contradiz o que a maioria das políticas educativas defende, acreditando que este tipo de aprendizagem diminui com a idade.
O início da adolescência tem um marco biológico que é o início da puberdade. Costuma dizer que está estabelecido que o fim da adolescência acontece quando aquele indivíduo conquista um papel independente na sociedade. O que, na sociedade em que vivemos, pode significar os 30 anos. Não há nenhum marco na evolução do cérebro que possa servir para separar os adolescentes dos adultos?
Não sabemos quando é que o cérebro se torna adulto. Julgo que será diferente para cada pessoa. Há uma série de regiões do cérebro que param de mudar em idades diferentes. Um dia poderemos ter um neuromarcador para quando o cérebro se torna adulto. Porém, neste momento, ainda não temos.
Mencionou a influência das hormonas, do ambiente social, entre outros factores, no desenvolvimento do cérebro dos adolescentes. E a genética?
A genética, obviamente, interage com o ambiente e influencia o desenvolvimento do cérebro. Já há alguns trabalhos que mostram isso. Por exemplo, a esquizofrenia é mais comum em jovens que são emigrantes, que se mudaram para diferentes populações e sociedades, e mais comum em jovens que fumam muita cannabis. Mas isso só é verdade para as pessoas que têm uma predisposição genética para a doença. Assim, o ambiente pode funcionar como um “gatilho” para o factor de risco genético.
O que pode dizer aos pais que têm ou vão ter adolescentes em casa que possa ajudá-los a lidar com esta fase?
Acredito que é muito útil ajudar os pais e os adolescentes a perceber as mudanças que eles estão a atravessar e explicar-lhes a ciência que está por detrás destas mudanças. Trabalhei com muitos adolescentes que acharam muito útil o que descobriram sobre o seu cérebro. Lembro-me de ser adolescente e sei que teria sido útil saber o que se estava a passar no meu cérebro e, sobretudo, saber que isso não iria durar para sempre.
Isso não é dar-lhes uma desculpa? Eles podem fazer o que quiserem justificando apenas que é o cérebro que está a mudar.
Talvez, mas essa desculpa serve para todos nós. Tudo o que fazemos é causado pelo nosso cérebro. Todos podemos fazer coisas más e dizer, bem, não fui eu, foi o meu cérebro. Na verdade, acho que os ajuda saber estas coisas. Dá-lhes a garantia, que os pode tranquilizar, de que esta fase é transitória e que está a acontecer por uma razão, e que não são só eles que estão a passar por isso.
Foi uma adolescente difícil?
Acho que não fui muito difícil, era uma adolescente típica. Fiz tudo o que o adolescente normalmente faz. Era muito ligada aos meus amigos, corri riscos que hoje não correria, tomei algumas más decisões e esse tipo de coisas. Lembro-me que era muito ligada à música e à moda. Aliás, a ligação à música é muito comum no período da adolescência. Curiosamente, a música que ouvimos nessa altura é algo que continuamos a gostar de ouvir mais tarde. Não tudo, mas uma parte. Há um lugar especial da música na adolescência.
A música poderia ser uma boa ferramenta para trabalhar e perceber o desenvolvimento do cérebro? Se colocássemos um adolescente a ouvir heavy metal durante um ano inteiro e outro a ouvir música clássica, podíamos ver diferenças no desenvolvimento do cérebro?
É um bom exemplo de uma experiência hipotética que, infelizmente, por razões óbvias, não podemos fazer. Se começássemos com um grupo de adolescentes exactamente iguais, com os mesmos antecedentes socioeconómicos, a mesma escola, o sítio onde vivem, o mesmo QI, o género e tudo o resto, e fizéssemos uma experiência, dividindo-os em dois grupos, expondo um a música clássica e outro a música pop, durante um ano, uma hora por dia... sim. Eu estaria à espera de ver diferenças no cérebro destes adolescentes, ainda que fosse com manifestações muito subtis. Não seria uma surpresa para mim. Algo que também poderia traduzir a forma como a música os fez sentir.
A influência das drogas e do álcool será mais fácil de observar?
É outro tipo de experiências que não podemos fazer, por razões éticas. O que alguns investigadores procuram fazer é olhar para as diferenças no desenvolvimento entre grupos de crianças que beberam muito álcool e outros que não beberam, ou que fumaram muita cannabis e outros que não o fizeram, mas não é uma experiência, é uma observação.
Um dos projectos (MYRIAD) em que está envolvida visa o desenvolvimento de programas escolares apoiados no treino de mindfulness para adolescentes e professores. Essa é uma experiência que já se pode fazer?
Sim, tivemos de passar por procedimentos éticos muito cuidadosos e assegurar que vamos monitorizar estas crianças para detectar qualquer possível efeito negativo. Estamos confiantes de que não vamos ter efeitos negativos, mas vamos estar atentos. Aliás, esperamos que a meditação mindfulness tenha efeitos positivos, com a sensação de bem-estar e menos pressão nos adolescentes que vão receber este treino. Mas ainda não começámos este estudo. Vai durar sete anos e foi conseguido pela Universidade de Oxford (no Reino Unido), eu sou apenas uma das colaboradoras.
Estas tecnologias que nos permitem ver o que se passa dentro do cérebro também têm as suas limitações. Há muitas coisas que acontecem e que uma ressonância magnética não mostra, certo?
Certo. A ressonância dá-nos informação sobre o desenvolvimento do cérebro, mas não nos mostra o que acontece a um nível celular. Assim, vemos que a matéria cinzenta e a branca estão a mudar no cérebro ao mesmo tempo, mas não sabemos por que é que isso acontece, o que é que está a acontecer a um nível celular, nos neurónios e nas sinapses. A ressonância não tem a resolução para nos mostrar as informações a esse nível. Estamos à espera dessa nova tecnologia, mas ainda vai demorar muitos anos.
Mas já foi possível perceber, por exemplo, que a percepção do outro é muito diferente entre adolescentes e adultos. Usam estratégias diferentes?
Sim. Quando pensam nas outras pessoas, e nas suas perspectivas e emoções, os adolescentes usam a mesma rede de regiões cerebrais que os adultos. Porém, o padrão de actividade é diferente. É a denominada “rede social do cérebro”. Os adultos usam a parte do córtex pré-frontal menos do que os adolescentes; e usam a região temporal mais do que os adolescentes. A actividade nas regiões pré-frontais diminui com a idade durante a adolescência, e a actividade na região temporal aumenta. Usam as mesmas regiões, mas os níveis de actividade são diferentes nestas redes.
Hoje sabemos muito mais sobre o cérebro dos adolescentes do que há 20 anos, como disse, mas os adolescentes ainda são um mistério?
Há muito menos mistério do que já houve, e o conhecimento destas mudanças no cérebro contribui para isso.
Quais são as questões em aberto mais importantes para si?
As diferenças individuais. Como é que a cultura, o ambiente, a nutrição, o exercício físico, o tempo passado no ecrã, o ambiente social... como é que todas essas coisas afectam o desenvolvimento do cérebro na adolescência. Sabemos que devem afectar, mas não sabemos como. Outras questões: por que é que alguns adolescentes desenvolvem doenças mentais e outros não? Por que é que alguns correm muitos riscos e outros nem tanto? São questões importantes sobre diferenças individuais. Até agora, o campo do desenvolvimento cerebral na adolescência tem estado muito focado em médias. Agora temos de começar a olhar para as diferenças entre indivíduos e o desenvolvimento do cérebro.
Mas será sempre o resultado de muitos factores.
Claro. O ambiente social muda de uma forma tremenda durante a adolescência, e as hormonas, e também a forma como os pais e a sociedade tratam os adolescentes. Eles permitem mais independência e liberdade. Todas estas coisas vão contribuir para o desenvolvimento dos adolescentes, para o seu comportamento e da sua mente.
Tem dois filhos pequenos. Está com medo da adolescência que vem aí?
Não, não, não, não! Os meus filhos estão prestes a tornar-se adolescentes, um tem 12 anos e meio e outro 10 anos e meio. Acho que é realmente um momento emocionante. É um tempo em que desenvolvem o sentido de si mesmos, a sua identidade de uma forma mais profunda.
Isso não será porque é cientista? Está entusiasmada com a ideia de fazer investigação em casa?
(risos) Talvez. Mas, mais uma vez, insisto que ajuda saber o que se passa no seu cérebro. Às vezes, quando um adolescente está mal-humorado, é rude ou mesmo se revolta contra nós, é muito difícil para os pais. Estamos habituados a que façam o que dizemos e que nos tomem como exemplo e, de repente, eles não estão a fazer nada disso. Mas saber que essa é uma parte muito importante do seu desenvolvimento e da sua independência, é útil. Eles precisam de experimentar e exercitar a independência, a autonomia, a tomada de decisões. Eles precisam de ser um pouco rebeldes contra os seus pais.
Por que é a influência dos pares tão importante na adolescência?
É uma forma de se filiarem num grupo e se tornarem gradualmente independentes dos seus pais, e mais integrados numa rede social própria, com uma hierarquia social. Eles precisam de ser independentes. Como nós também precisámos um dia.
Os adolescentes ainda a podem surpreender, como cientista?
Sim. A vastidão das diferenças individuais é muito interessante. Embora, no fundo, isso não seja assim tão surpreendente, porque todos somos diferentes.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Quebrar o silêncio - Compreender o abuso sexual de homens e rapazes




Grupo de Apoio para ultrapassar os traumas do abuso sexual: https://quebrarosilencio.pt

COMO NOS CONTACTAR

Para pedir apoio
Ligue 910 846 589 ou use o e-mail apoio@quebrarosilencio.pt
Para outras informações
Use o email info@quebrarosilencio.pt
Linha geral 915 340 249
Horário de funcionamento
Das 9h30 às 17h30 de Segunda a Sext

Livro Branco: Homens e Igualdade de Género em Portugal



A CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego e o ICS – Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, apresentam o Livro Branco – Homens e Igualdade de Género em Portugal, produzido no âmbito o projeto EEA Grants O Papel dos Homens na Igualdade de Género
Livro Branco – Homens e Igualdade de Género em Portugal tem como principal objetivo sintetizar informação considerada relevante sobre homens, papéis masculinos e igualdade de género e contribuir para a identificação de desafios e recomendações no âmbito deste tema, a debater e a ponderar por todas as entidades e atores sociais interessados na promoção da igualdade de género na sociedade portuguesa.

Aprendizagens essenciais



Doutoras Maria de Céu Roldão e Maria Helena Peralta

As tendências e políticas curriculares (Vd. OECD, UNESCO; EU, Estudos internacionais como o PISA na s suas várias edições, entre outros) desde o último quartel do século XX vêm recomendando um “emagrecimento curricular” que contrarie a tendência enciclopedista e a deriva aditiva que tendem a criar prescrições excessivamente extensas, acumulativas e muitas vezes irrelevantes, pouco úteis à complexa formação científica, cultural e humanista que se requer hoje dos cidadãos. Por outro lado, a massificação da escolarização por tempos cada vez mais longos recomenda que se eleja como currículo comum, a ser de facto aprendido por todos, mas possibilitando vias de construção variadas que rentabilizem os contextos diversos, aquele corpo de aprendizagens comuns verdadeiramente essenciais para a plena inclusão de todos na sociedade.
Debate-se assim os sentidos de aprendizagens essenciais, sublinhando que não constituem uma diminuição de conhecimento, mas devem antes constituir.se como eixos estruturantes de conceitos, conteúdos , capacidades e processos que aproximem todos de um nível mais aprofundado e mais rico de conhecimento e competências. Essencial aproxima-se assim de estruturante, significativo, indispensável ao campo disciplinar e passível de mobilização e desenvolvimento continuado. A essas aprendizagens essenciais que no seu conjunto configuram o currículo, se dirigirá todo o trabalho de regulação e avaliação, quer interna quer externa, como garante da consecução do percurso curricular essencial por todos.
No modo de gestão do currículo nas escolas e pelos professores, que se deseja cada vez mais autónomo, as opções de trabalho pedagógico-didático, nomeadamente as estratégias de ensino trabalhadas, quer no plano disciplinar quer em espaços integradores, deverão pautar-se por esta “essencialidade “ seletiva dos saberes, que incorporam processos cognitivos e competências de uso, bem como os valores que se associam ao trabalho de aprender. Tal desiderato constitui a via pela qual as aprendizagens curriculares convergem para construir e consolidar características e valores dos aprendentes – crítico, analítico, colaborativo, questionante, capaz de comunicar..- que estão consensualizadas e plasmadas no Perfil dos Alnos no final do Ensino Básico e Secundário (ME 1917)

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Guia de Intervenção Familiar


http://uiicf.net/ (acesso livre)

Esta Guía práctica es un complemento a la documentación (jurídica, administrativa y técnica) en la que se fundamenta el Programa de Intervención Familiar (de la Junta de Castilla y León).

Autor: Valentín Escudero

De acesso livre

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Como fazer um ótimo CV de vídeo


Os currículos de vídeo estão se tornando cada vez mais populares com os candidatos a emprego que desejam se destacar da multidão. Em vez de substituir currículos de papel tradicionais , os vídeos melhoram os aplicativos de trabalho, fornecendo aos empregadores mais informações sobre o que um indivíduo tem para oferecer.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Cuadernos de ejercicios para la enseñanza de los derechos humanos




http://unesdoc.unesco.org/ulis/cgi-bin/ulis.pl?catno=137336&gp=1&mode=e&lin=1

Autor: UNESCO Office Santiago and Regional Bureau for Education in Latin America and the Caribbean 
Santiago
2004

A guide for ensuring inclusion and equity in education



A guide for ensuring inclusion and equity in education publicado pelo setor educativo da UNESCO


Estratégia de Educação para a Cidadania na Escola: Áreas Temáticas





Passaporte Qualifica



PORTAL do Passaporte Qualifica: https://www.passaportequalifica.gov.pt

O Passaporte Qualifica é um instrumento tecnológico de registo das qualificações e competências adquiridas ou desenvolvidas ao longo da vida e de orientação para percursos de aprendizagem destinados a adultos.
Dirigido às equipas dos Centros Qualifica, o tutorial Passaporte Qualifica visa explicitar o modo de utilização do Passaporte, incentivar à sua utilização, designadamente dando conta das múltiplas funcionalidades que o mesmo coloca à disposição dos profissionais de orientação no contacto direto com os adultos.
Sendo uma prioridade do Sistema Nacional de Qualificações o aumento do nível de qualificação dos adultos, o Passaporte Qualifica prioriza ainda propostas de conclusão e/ou de aumento da qualificação escolar e/ou profissional.
Mais qualificação, melhor emprego
Fonte ANQEP

Portaria n.º 47/2017 - Diário da República n.º 23/2017, Série I de 2017-02-01
Educação e Trabalho, Solidariedade e Segurança Social 
Portaria que regula o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais e define o modelo do «Passaporte Qualifica».

sábado, 2 de dezembro de 2017

Dezembro - mês da Literacia em Saúde



O foco temático da EPALE em dezembro de 2017 é a Literacia em Saúde
Quando falamos de educação de adultos, raramente saúde é a primeira coisa que nos vem à mente – frequentemente pensamos em competências básicas ou melhoria de competências para o mercado de trabalho. Mas a educação de adultos pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas.
O Inquérito Europeu à Literacia em Saúde (2013) concluiu que um número preocupante de adultos na Europa possui baixos níveis de literacia em saúde. Os baixos níveis de competências em saúde demonstraram ter como resultado escolhas menos saudáveis, pior saúde e mais hospitalização.
Na EPALE reconhecemos a importância da literacia em saúde, principalmente para grupos vulneráveis, como os idosos, as minorias e as pessoas com baixos rendimentos ou baixos níveis de escolaridade.
As equipas da EPALE de toda a Europa reuniram muitos artigos de blogue interessantes e recursos úteis sobre o assunto.
Consultar artigos e recursos sobre este tema: https://ec.europa.eu/epale/pt