O artigo de José garrido do Jornal Publico de
13.7.2014, com o título: Mitos e preconceitos sobre a saúde mental infantil:
Os
cuidados de saúde mental infanto-juvenil são frequentemente vítima de
discriminação, sendo a sua necessidade desvalorizada por dirigentes e
profissionais de saúde, por desconhecimento e pela existência enraizada na
nossa cultura de alguns mitos associados à infância, designadamente:
Mito – a infância e a
adolescência são de forma geral os períodos mais felizes na vida da maioria das
pessoas, pelo que as situações de doença são raras e não devemos
“psiquiatrizar” em excesso.
Facto
– pelo menos 15% das crianças e adolescentes têm patologia psiquiátrica a
necessitar de algum tipo de ajuda, fruto de circunstâncias individuais ou mais
frequentemente do contexto em que crescem e vivem.
Mito
– os problemas de comportamento ou a hiperactividade na infância são questões
disciplinares, de educação, ou de famílias pobres ou problemáticas.
Facto
– os problemas de saúde mental infantil são transversais a toda a sociedade, e
os de ansiedade ou depressão são até bastante comuns em adolescentes de
famílias diferenciadas com níveis de exigência e responsabilidade acima da
média.
Mito
– a capacidade de recuperação das crianças que sofrem algum tipo de problema de
saúde mental é muito maior que nos adultos, pelo que apenas em casos
excepcionais são necessárias intervenções especializadas nesta área.
Facto
– todos conhecemos e nos lembramos exemplos de adultos de sucesso que tiveram
infâncias ou adolescências problemáticas, mas simultaneamente “esquecemos” de
forma selectiva que a maioria dos adultos problemáticos tiveram infâncias
disfuncionais e frequentemente sem qualquer oportunidade de ajuda para o seu
equilíbrio, crescimento e sofrimento mental.
Mito
– quem vai a consultas de Pedopsiquiatria, vai tomar medicação o resto da vida.
Facto
– uma grande parte das intervenções em consulta de Pedopsiquiatria não implica
a toma de medicação, dizendo respeito a ajuda em situações pontuais de crise,
problemas que ocorrem ao longo do desenvolvimento, ou ainda a dúvidas sobre o
normal e patológico