QUANDO O INFERNO É UM LUGAR CHAMADO CASA
Que fazer quando o nosso pai é a pessoa que mais nos magoa?
Que fazer quando as pessoas que mais amamos são aquelas que nos traem e nos proporcionam sofrimento? Fugir? Correr até não mais poder? Correr a toda a velocidade, sem sentido, direcção ou destino fixo? Ou pôr termo à vida fazendo com que o sangue jorre nas nossas veias como uma nascente juvenil após o degelo das várias camadas de neve? Não. Desistir também não é solução.
Então digam-me! Digam-me porque eu já varri todos os oceanos e lagos, continentes e montanhas, até nas próprias nuvens procurei resposta às minhas perguntas e não a encontrei!
Todo o meu corpo grita de dor, de trauma e de angústia. A revolta que emana dos poros da minha pele é imensa e contagia aqueles que me rodeiam. A sede de vingança e de justiça arde na minha garganta como fogo eterno e furioso, posso mesmo dizer incontrolável e que será saciada quando os culpados e lunáticos pagarem pelos seus erros.
A minha infância foi atribulada, dias de tempestade e alguns de bonança porém sempre marcados pela sua intervenção, ele o diabo do inferno de quatro paredes em que vivo. Olhos vermelhos raiados de sangue, mãos calejadas mas não entorpecidas, postura veraz semelhante à de um búfalo enraivecido envenenado pela loucura prestes a atacar o seu adversário…Mas algo está mal nesta descrição…Eu não sou o adversário…Sou sua filha…Sangue de seu sangue…E desde os meus dois anos de idade que me pergunto, porquê? Que te fiz eu para me tratares desta maneira? Porque sou o objecto de todo o ódio? Disseste-me que era a pessoa mais importante da tua vida, e que o dia em que nasci foi o mais feliz para ti, então porquê? Porque me tratas como se de um monstro ou teu inimigo me tratasse, me deixas desamparada e desesperada, entregue às asas do meu anjo protector que nos momentos em que mais me queres mal, é o único a intervir para a minha vida proteger. Ela merece o meu amor. Tu mereces o meu desprezo e ela a minha dedicação.
Eu odeio-te e não te quero mais na minha vida.
1 – 2 - 2011
MARTA CRISTINA PIMENTA REBOLO
Ano/Turma: 10º 5, nº 14
Ano Lectivo: 2010/2011
Disciplina: Português
Professora: Conceição Martins
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