O I Simpósio Champalimaud de Neurociências, sob o título Da base neuronal dos sentimentos, reuniu em Lisboa, de 18 a 21 de Set/2011, alguns dos maiores nomes da comunidade mundial de cientistas empenhados em perceber como funciona o cérebro humano.
O neurocientista português António Damásio proferiu a conferência da abertura.
Desse Simpósio, algumas curiosidades sobre o cérebro, reveladas pelos cientistas:
- Kelsey Martin, da Universidade de Califórnia em Los Angeles : "A natureza e a experiência pessoal (nature and nurture) combinam-se para nos dar a nossa identidade".
- Tobias Bonhoeffer, do Instituto Max Planck de Neurobiologia em Munique “Uma das propriedades mais fundamentais do cérebro é a sua capacidade de se adaptar rapidamente a alterações do mundo exterior". (A plasticidade)
Bonhoeffer conseguiu mostrar, como explicou na sua palestra, que as dendrites de cada neurónio - as terminações nervosas que recebem informação de outros neurónios - têm a capacidade de fazer crescer ou murchar os "espinhos" que possuem à sua superfície (os pontos por onde passa efectivamente a informação), conforme as necessidades de privilegiar ou não certas ligações com as suas congéneres.
E foi mais longe, especulando que esse processo tão básico poderá explicar por que é que, quando aprendemos a andar de bicicleta, é-nos muito fácil tornar a fazê-lo mesmo depois de décadas de interrupção. "Alguns dos espinhos que emergiram nas dendrites na altura da primeira aprendizagem persistiram num estado silencioso", explicou, e podem ser novamente reforçados."
- Daniel Wolpert, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido: "a pergunta mais simples que podemos fazer é a de saber por que é que nós e os outros animais temos um cérebro". E isso acontece: "Para produzir movimentos adaptáveis e complexos. As árvores não têm cérebro porque não se mexem e há uns animais, as seringas-do-mar, que digerem o seu próprio cérebro quando se fixam de forma permanente numa rocha."
- Ulrike Heberlein, da Universidade da Califórnia em São Francisco, que está à procura das bases genéticas de um comportamento da mosca- do-vinagre que até parece humano: quando uma mosca macho é rejeitada repetidamente por potenciais parceiras sexuais e não consegue acasalar... torna-se alcoólica!
Como é que os genes dão origem às estruturas cerebrais? Como é que os neurónios se interligam para produzir comportamentos? Como é que se constrói a memória? Como surge uma doença mental ou neurológica?
São algumas das questões, entre muitas que a neurociência investiga. Mas o cérebro é ainda um enigma.
Elaborado com base no artigo de Ana Gerschenfeld, Jornal Publico 24 de set de2011
Os resumos (inglês) do Simpósio, aqui.
Imagem retirada de enciclopedia.com