Parte do artigo do psiquiatra e terapeuta familiar, Daniel Sampaio publicado no suplemento Publica, com o tema Agressividade filmada:
As televisões e a Internet repetiram, cem cessar, as imagens da agressão de duas jovens a uma terceira, obtidas a partir da filmagem de um colega.
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Claro que há jovens violentos. Alguns (poucos) sofrem de doença mental e necessitam tratamento. Muitos exteriorizam o seu mal-estar e mostram a sua dureza emocional, aprendida em ambientes de violência e crime, na família e no bairro. Outros exibem o seu poder, divertem-se com isso e adiam o aborrecimento das suas vidas: quando fazem circular imagens violentas, sabem que mais depressa encontrarão quem as divulgue do que alguém que lute contra os agressores em causa. A violência exibida - qual caçador que se deixa fotografar a espezinhar o animal que acaba de abater - torna-se mais atractiva e confere estatuto. Na ânsia de serem famosos e de se livrarem da raiva, nem que seja por um só dia, alguns adolescentes cometem crimes.
Que fazer? Tudo deve começar bem cedo, em casa e no jardim-de-infância. É crucial educar com afecto e disciplina, com compaixão e perdão, com manejo do conflito e procura, pelo próprio, de soluções alternativas à violência. A escola deve promover a mediação dos conflitos e a participação dos estudantes na resolução dos problemas. A comunicação social tem de estar mais atenta à divulgação de práticas de sucesso no controlo da indisciplina e da violência. É difícil, mas é o caminho.