Uma passagem do artigo de Daniel Sampaio psiquiatra e terapeuta familiar, editado no suplemento Pública de 29 de Maio 2011, com o título Raivas adolescentes:
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A raiva é sempre destruidora se for deixada crescer sem a entendermos. Se a enterrarmos, poderá contribuir para uma depressão. Se a "tratarmos" com álcool ou drogas, procurando que essas substâncias a acalmem, passaremos a ter mais um problema. Se a exteriorizarmos sempre, poderemos transformar-nos em alguém conflituoso e insuportável.
É fundamental conhecer a raiva destes adolescentes agressivos. Muitas vezes viveram com pessoas sem controlo emocional, que veicularam sempre a ideia de que a violência tudo pode resolver. Noutros casos, viveram em famílias "perfeitas", onde ninguém podia gritar e qualquer manifestação agressiva era associada à loucura: na adolescência, na luta pela autonomia, a raiva finalmente libertada encontra nos mais próximos o alvo preferido. Por vezes, são vinganças face a pais maltratantes na infância (abusadores, por exemplo), que explodem quando o medo físico dos familiares é agora ultrapassado por um corpo juvenil cheio de energia.
Compreender não significa mudar. Feita a história da relação, é crucial intervir. Conhecer a raiva. Compreender que não se fica agressivo para sempre. Perceber que não se pode ficar parado, num ritual de progressiva auto-humilhação. Concluir que intimidar os outros nos pode deixar mais sós.
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(o sublinhado é meu)
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