domingo, 12 de junho de 2011

A Arquitectura daqui a 100 anos

Centro das ArtesCasa das Mudas do Arquitecto Paulo David

Como será a Arquitectura daqui a 100 anos?

No que às cidades diz respeito, a cada um a sua. "Nós entendemos as cidades como uma forma definida, mas penso que elas funcionarão em rede e o cidadão do futuro poderá personalizar a sua cidade. Poderá ter o bairro onde vive em Lisboa, o bairro onde trabalha em Paris e aquele onde se encontra com os amigos em Barcelona e isso será possível cruzando transportes low cost ou mecanismos de telepresença", projecta Gonçalo Furtado, professor do programa de mestrado e doutoramento da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. É, no fundo, uma evolução para "uma complexa geografia em rede, composta por centros e núcleos, assim como tecidos urbanos difusos, em que não se distingue a fronteira entre o local e o global, o natural e o artificial, e o físico e o virtual".

Nas cidades difusas do futuro, "continuarão a brotar construções, espaços físicos destinados a abrigar os nossos corpos". Mas a arquitectura dos edifícios deixará de estar refém das utopias que marcaram o passado: a vertical, "possibilitada pelo aço e pelo elevador", e a "utopia horizontal dos subúrbios, possibilitada pelo carro".
Quanto às casas, serão espaços "optimizados, efémeros, multifuncionais quando não flexíveis". Feitos "para obedecer aos nossos desejos de fluidez, transitoriedade e hibridez", prossegue Gonçalo Furtado, para enunciar: "O espaço vai ser mutante para se adaptar aos desejos do nosso corpo."
Na prática, em vez de betão, uma parede poderá ser de vapor ou um holograma. "Através de mecanismos de robótica, que deformam o espaço, ou de mecanismos de realidade aumentada ou ampliada, que funcionam como uma espécie de holografia, os espaços terão uma dimensão humana e de interactividade: uma parede pode ser feita por uma imagem, o tecto ou subir pode baixar para satisfazer os nossos desejos de conforto, os próprios cheiros poderão ser utilizados para modelar a nossa experiência", ilustra este arquitecto.
O mais certo é que edifícios assim se ponham a questionar as fronteiras do interior-exterior. "Edifícios panfletando o seu star-system e por vezes repletos de gadgets e dispositivos electrónicos que permitem expandir a sua performance para além dos limites físicos das suas paredes." Porém, "reduzidos à imagética do espectáculo, de construção expedita e sobretudo anónimos de humanidade", escreve o arquitecto, que imagina um futuro marcado por espaços em permanente reconfiguração "de acordo com os desejos e os biofeedbacks do nosso corpo".
Natália Faria Suplemento Publica 4/06/11

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