- Mari! Mari, minha querida!
A chegada das suas sobrinhas logo de madrugada fez Adelaide descer a infinidade de escadas que levavam à entrada principal do palácio que lhe pertencia. O sol agradável da manhã erguia-se por entre a magnífica paisagem de montanhas cobertas de branco próximas da floresta que rodeava a formação rochosa de onde o palácio se erguia.
Ao abrir a porta do carro, Mari foi abraçada por uma brisa fresca que a arrepiou.
- Brrr… Está mais frio aqui que na cidade!
Mari era uma rapariga de 17 anos, alta tal como a sua tia, de longos cabelos loiros e ondulados. Os seus olhos eram de um verde que se confundia com as folhas de uma planta e a sua pequena boca exibia quase sempre um discreto sorriso. Andava sempre com uma fita cor-de-rosa em volta da cabeça e usava brincos em forma de coração. Mas por detrás da sua aparência doce e ingénua estava uma rapariga bastante inteligente que avaliava sempre a situação em que se encontrava e penetrava nas mentes dos outros conseguindo saber o que sentiam e o que pensavam.
- Bom dia menina, fez boa viagem?
- Oh sim, Abdalónimo, obrigada! Que bom ver-te novamente!
- Igualmente, menina. Com licença, vou retirar as suas malas do carro.
Depois de Mari, saíram Catarina e Kris do carro, respectivamente a sua prima e o seu vizinho, também seu afilhado no clube em que os três andavam na escola. Catarina tinha a mesma idade de Mari e eram fisicamente parecidas, mudando apenas cor de cabelo, sendo ele castanho, e cor de olhos, estes mais parecidos com a sua tia Adelaide. Catarina era muito arrogante e convencida e talvez fosse esse o motivo pela sua lista de amigos ser mais reduzida e apesar de estes traços ser uma referência nela, não o demonstrava com os mais próximos.
- Obrigado por também me teres cumprimentado, Abdalónimo! Estou bem, obrigada! Bah!
- Peço desculpa, menina Catarina, eu estava só a tirar as malas e já a ia cumprimentar! – Sussurrando. – Insolente!
Por fim, Kris era o mais novo do trio, com apenas 14 anos. A sua alcunha deve-se ao seu primeiro nome, provavelmente único, ser excessivamente grande: Kristopheryan. Kris tinha cerca de metade do tamanho das suas amigas e cabelo escuro. Os seus olhos eram azuis-claros e lembravam mesmo os de um cão husky. Era um rapaz quase sempre bem-disposto e que se dava estranhamente bem com Catarina.
- Uau… Aquela é que é a casa da vossa tia?! É enorme!
- Não, aquilo não é a casa da nossa tia, é o palácio da nossa tia! – Riu Mari.
- Então este é que é o vosso colega… Meninas? – Perguntava Abdalónimo dirigindo-se na direcção de Kris.
- Sim, é! Kris, este é o Abdalónimo, o mordomo da minha tia. E algures ali… Oh, lá está ela, a nossa tia! – Respondeu Mari, olhando depois para a tia que finalmente descera todas as escadas e se aproximava delas apressadamente.
- Minhas sobrinhas! Que saudades! Estão boas? Fizeram boa viagem? Que acham da floresta? Não é tão agradável o ar fresco vindo das montanhas? Ai é tão bom ter-vos cá! – Cumprimentava entre muitos beijinhos e abraços.
- Senhora, eu já tenho as malas todas, subimos?
- Ai seu chato, se alguma das minhas malas lindas e maravilhosas ficarem amachucadas dessas mãos, obrigo-o a comprar umas novas! – Resmungou Catarina.
Depois de subir as mais de duzentas escadas que levavam a um pátio que dava entrada ao palácio puderam contemplar a paisagem de pinheiros que tingiam de verde a longa planície que se estendia desde o sopé da serra. Em volta do pátio várias colunas clássicas erguiam-se, segurando o entablamento onde se podiam ver figuras interessantes esculpidas. Todo este cenário criava um ambiente de espaço infinito onde a Natureza se apoderava das emoções de quem o observava.
- Este vai ser o melhor fim-de-semana de sempre! – Disse Kris para si próprio.
Luis Filipe R. C. Leão
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