Entrevista ao psicólogo Luís Fernandes, ao Publico de 11 de março 2014, com o título “Não há nenhuma escola no mundo sem bullying”
Há
vários anos que vai a escolas falar com pais, professores e alunos. O psicólogo
Luís Fernandes, co-autor, em conjunto com Sónia Seixas, do livro Plano Bullying – Como Apagar o
Bullying das Escolas, diz que o cyberbullying acabou com as agressões num “horário
das 9h às 17h” para permitir que aconteçam 24 horas por dia.
O que é o bullying?
Um conjunto de comportamentos agressivos e desajustados entre pares, em
contexto educativo, que acontece quando uma pessoa é gozada, empurrada,
agredida, ameaçada, posta de parte do grupo, insultada por outros colegas,
perseguida e até humilhada, de forma repetida e intencional. Geralmente,
inicia-se no final do pré-escolar ou no início do 1.º ciclo e diminui a partir
do 3.º ciclo e ensino secundário. No entanto, com a cada vez maior oferta de
alternativas para a concretização da escolaridade obrigatória, há alunos mais
velhos com comportamentos de bullying.
Existe em todas as escolas?
Existe em todas as escolas?
Não há nenhuma escola no mundo onde não exista bullying.
Segundo estudos, realizados por alguns programas de combate desenvolvidos em
países como os Estados Unidos, Inglaterra ou Austrália, calcula-se que a cada
sete segundos ocorra uma situação de bullying em alguma escola do planeta. Eu
costumo dizer que o bullying é democrático, uma vez que
atravessa todas as classes sociais. E é inclusivo, uma vez que todos podem ser
potencialmente vítimas, agressores ou, pelo menos, observadores.
Que papel assume o cyberbullying entre crianças e jovens?
Veio dar uma nova dimensão às agressões, pois permite que um comentário, uma
foto ou um vídeo seja visto, em poucos minutos, por um sem-número de colegas.
As agressões verbais, físicas e psicológicas que antes eram exercidas num
"horário das 9h às 17h" passaram a ser realizadas 24 horas por dia.
Que relação existe entre o bullying e o suicídio?
Que relação existe entre o bullying e o suicídio?
As vítimas de bullying apresentam quatro vezes maior
probabilidade de vir a cometer suicídio do que outra criança ou jovem que não
se encontre envolvida neste tipo de comportamentos. No caso do cyberbullying,
segundo investigações recentes realizadas nos Estados Unidos, uma em cada cinco
vítimas pensa, em algum momento, suicidar-se, e uma em cada dez vítimas tenta
mesmo fazê-lo.
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