As crianças e os adolescentes são sempre seres dependentes e vulneráveis e não podem nem devem ser deixados emocionalmente sozinhos.
A propósito do lançamento do novo livro do pedopsiquiatra Pedro Strecht Assim seus olhos, editado pela Assírio&Alvim, que chegará às livrarias na próxima segunda feira, algumas das suas declarações à jornalista Paula Torres de Carvalho do Público (19.6.12):
Este livro aborda os efeitos, nas crianças, do divórcio dos pais, assim como outras causas do sofrimento infantil, num tempo marcado pela falta de tempo para a criança, mas também “o lugar da esperança no futuro das crianças e adolescentes.”
( O papel fundamental dos pais) “na concepção de um novo mundo psíquico com plena aptidão a funcionar posteriormente de forma autónoma.”
“O que procuram os pais quando cessam uma relação e acima de tudo, reclamam os seus direitos não olhando aos da criança, o seu próprio filho/a?.”
“Se a separação (dos pais) ocorre pela sucessiva falha na relação, porquê perpetuá-la temporalmente pela manutenção (e, por vezes, ampliação) do conflito que a originou?.”
“Será que, a partir de determinado momento o conflito em si e a energia psíquica que o próprio consome são mais importantes do que qualquer esforço emocional para (re)colocar os filhos no lugar que lhe é devido?”
(As crianças e os adolescentes) “são sempre seres dependentes e vulneráveis e não podem nem devem ser deixados emocionalmente sozinhos”
“Pode morrer-se de solidão afetiva”, como já escrevia René Spitz nos anos de 1940, a propósito dos seus estudos sobre depressão infantil.
Strecht fala também do “precoce murchar” de crianças vítimas de pobreza, citando o psicanalista João dos Santos: “Algumas pessoas morreram aos 30 anos mas acabaram por ser enterradas depois dos 70”. É que, na verdade, muitas crianças adoecem (ou morrem mesmo) aos três ou aos sete anos e nunca mais recuperam o “ânimo”, quer isso seja expresso em alegria, força ou alimento de uma razão de ser que permita continuamente ir mais além: fisicamente vivos estão de facto psiquicamente mortos”
Esperança
(A importância da necessidade da esperança) “dependente da capacidade de trabalhar, lutar, viver para algo porque esse desígnio é importante ou bom e não apenas porque há sobre ele a hipótese de se ser bem- sucedido”.
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