Só decidimos bem quando aceitamos que a total satisfação é
impossível, quando reconhecemos que o conflito entre o que se quer e o que se
pode, vai acompanhar-nos pela vida.
Decidir
é aceitar a desilusão que se pode ter tudo, é separar-se, é abrir mão de sonhos
que não se ligam à nossa história pessoal e às nossas condições.
Decidir exige agir, lidar com o incerto, com a realidade que está fora da nossa mente, não
distorcer os fatos, aceitando-os, e ajustando
o conceito que temos de nós, a essa realidade, transformando-a para melhor.
É
abandonar a devoção de encontrar um sentido para a vida, e em troca, focar-se
nas muitas fontes de significado pessoal, nas experiências do dia-a-dia, que
contribuem para o sentido de competência.
Dados
estes primeiros passos, diante da precariedade dos laços e do trabalho, a
prenda é começarmos a acreditar que não existem más decisões se as
aproveitarmos para aprender com elas, o que exige darmos o nosso melhor, e se
formos capazes de as reajustarmos às novas circunstâncias. Mas o sinal para
sabermos que não estamos no caminho certo, será sentir um mal-estar. Deixarmo-nos confrontar com o significado desse
sofrimento, em vez de o evitarmos, permitirá localizar e corrigir os nossos
planos de acordo com a pessoa que somos e com o que queremos.
É preciso acreditarmos que mesmo que as nossas experiências nos
pareçam indecifráveis, resta-nos aumentar esse campo de consciência.
A realização, ou seja, a verdadeira liberdade, nas palavras do
psicanalista Jean-Pierre Lebrun, não é ser algo, ou ter algo, que nos daria uma
alegria passageira, mas a de poder tornar-se.
cristina simões
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