segunda-feira, 5 de julho de 2010

Jessica Franco 10º 3

EGOÍSTA

   Eu quero mais que nada ser egoísta, e pedir-te para voltares. Eu quero pedir-te que respires, só mais uma vez, para que possas olhar para mim com esses olhos cuja beleza nem a morte consegue levar.
   Eu não acabei a tua parte na minha história. Estavas tão presente nela...Eu ia perder-te e reencontrar-te para o resto da minha vida, e agora? Eu não quero acreditar que agora não te posso reencontrar outra vez. Quero olhar e ver-te controlar o mundo com os teus olhos, quero voltar a sentir os teus lábios na minha face, quero as tuas mãos nas minhas, a tua voz no silêncio, o teu fôlego suspirando no teu perfume, aquele que brincava com o teu. Eu quero ser egoísta. Eu quero que voltes só para te poder dizer tudo de novo. Não quero sofrer sozinha.
   Lembras-te daqueles momentos em que, sem saberes, pegavas no meu coração apertavas com toda a força e depois largavas? Eu lembro-me. Eu lembro-me de ti. Eu lembro-me das roupas, dos cheiros, do cabelo, de como contava os teus dedos, para passar os tempos porque não sabia largar a tua mão, tinha medo. Lembro-me do bater do teu coração. Até no último segundo o vi irromper nas veias do teu pescoço. Aquele coração que era tão forte…Lembro-me de todas as vezes que me salvaste tu nem sabias. Lembro-me de todas as vezes que te pedi ajuda sem saberes. Perdoa-me… Mesmo depois de tudo, antes deste nada que me invade. Pai amo-te. E odeio não o ter conseguido dizer tantas vezes quantas querias.
   Não choro por sentir a tua falta, porque ainda não percebi verdadeiramente que não estás aqui, ainda comigo. Choro pelas falhas que cometi contigo. Não eras perfeito, mas deixas para trás um legado complicado de igualar. Mas agora não sofres mais. Fostes tão calmo, tão sereno…depois de tanta dor, de tanta agonia, não vou nunca esquecer como me deixas-te, olhando-me, uma última vez com esses olhos que guardavam toda a tua força e beleza. Olha para mim, pai. Como sempre o fizeste. Sempre foste aquele que acreditava em mim, talvez por teres sido o único a quem mostrei a minha vontade. Onde estás? Quem me vai secar as minhas lágrimas agora? Quem me vai amar como tu agora? E se puderes, onde quer que estejas, procura-me, porque grande parte de mim ficou contigo. Não acabamos a nossa história, pai. Ainda faltam uns capítulos.
   E recuso-me a escrevê-los sem ti.
   Sinto-me sozinha, sinto a tua falta. Mas sei que estás aí. Se não consigo, em mim.
   Uma vez vi-te e senti-te a chorar. Senti que te tinha perdido outra vez, só não sabia que não seria a última.
   A guerra acabou, e não ganhei uma única batalha. Oh Pai…
   Agora consegues acreditar em mim, quando digo que a vida acabou? Agora consegues ouvir claramente. Pai, enquanto grito a plenos pulmões ”Como queres que continue?” Não te posso deixar para trás.
   E como querias que sofra? Diz-me agora, porque não consigo encontrar o meu sorriso.
   Eu ouço as palavras, mas não sei o significado do que me falas tão suavemente, e é demasiado para mim.
   Nunca te vou esquecer. És o meu orgulho! Foste sempre um amigo muito carinhoso, atencioso, e, acima de tudo, um GRANDE PAI.
   És um exemplo a seguir de FORÇA; AMOR e LUTA…lutaste contra tudo e contra todos.
   Para mim, nunca morrerás, vou amar-te para sempre.
  Até um dia, meu anjo!!


Jessica Carolina Nunes Franco
Ano lectivo 2009/10
Ano / Turma: 10º 3, Nº 11
Disciplina: Português
Professor: Luis Camacho

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