domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Psicologia e o Futuro (II) - Eduardo Sá



Eduardo Sá (psicólogo clinico, psicanalista e professor de psicologia clínica da Universidade de Coimbra e no ISPA, Diretor da Clínica Bebés & Crescidos), vai proferir a conferência “A Psicologia e o Futuro” no 1º Congresso Nacional da Ordem dos Psicólogos Portugueses, a realizar de 18 a 21 de Abril, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Esta conferência será uma reflexão sobre as grandes conquistas que o mundo contemporâneo vive desde há 200 anos, com particular atenção para os custos de uma ideia positivista da ciência.
Com recurso a uma entrevista publicada na Revista Oficial daquela Ordem Profissional - PSIS 21 - clarifica a sua reflexão. De momento colocaremos aqui, a 2ª parte e última parte desta entrevista (a 1ª parte encontra-se publicada neste blogue, nas mesmas etiquetas)

...
PSIS21: Em que é que a psicologia pode contribuir para contrariar o esvaziamento da sociedade contemporânea?
Eduardo Sá: pode contribuir assumindo-se, de forma clara, como uma provedoria informada da humanidade, interpelando, denunciando e formando opinião publica no sentido de colaborar nas transformações fundamentais que o mundo tem de promover em favor das pessoas. Na politica, na justiça, na educação e na saúde. Não desistindo, jamais de esclarecer que os técnicos de saúde mental são aqueles que – no meio laboral, na escola, na família e na intimidade da vida mental de cada um – melhor potenciam recursos, mais aclaram estratégias de desenvolvimento e mais nos ajudam a perceber que o melhor do mundo é o futuro.

PSIS21: Em que aspetos a psicologia atual se adequa ou não à sociedade contemporânea?
Eduardo Sá: A psicologia que se ensina nas escolas de psicologia, por vezes, ainda não. Porque dissocia, vezes demais os modelos científicos da “jurisprudência” da própria vida. A psicologia, tal como ela é avaliada nas escolas superiores, tem pouco a ver com a sociedade e com o próprio compromisso universitário (que deve centrar-se numa relação próxima e forte com os alunos, na dinâmica de partilha de conhecimentos atenta e intensa), muito mais que em parâmetros burocráticos sufocantes que parecem querer transformar a universitas facultatum numa sucessão de efeitos especiais, unicamente comprometidos com os objetivos da carreira. A psicologia tal qual se pratica, todos os dias, adequa-se – cada vez mais – à sociedade contemporânea, porque introduz, como mais ninguém, contraditório onde, por vezes, domina a unicidade.
FIM

Sem comentários: