quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Não existem más decisões


Só decidimos bem quando aceitamos que a total satisfação é impossível, quando reconhecemos que o conflito entre o que se quer e o que se pode, vai acompanhar-nos pela vida. 
Decidir é aceitar a desilusão que se pode ter tudo, é separar-se, é abrir mão de sonhos que não se ligam à nossa história pessoal e às nossas condições.
Decidir exige agir, lidar com o incerto, com a realidade que está fora da nossa mente, não distorcer os fatos, aceitando-os, e ajustando o conceito que temos de nós, a essa realidade, transformando-a para melhor. 
É abandonar a devoção de encontrar um sentido para a vida, e em troca, focar-se nas muitas fontes de significado pessoal, nas experiências do dia-a-dia, que contribuem para o sentido de competência.
Dados estes primeiros passos, diante da precariedade dos laços e do trabalho, a prenda é começarmos a acreditar que não existem más decisões se as aproveitarmos para aprender com elas, o que exige darmos o nosso melhor, e se formos capazes de as reajustarmos às novas circunstâncias. Mas o sinal para sabermos que não estamos no caminho certo, será sentir um mal-estar. Deixarmo-nos confrontar com o significado desse sofrimento, em vez de o evitarmos, permitirá localizar e corrigir os nossos planos de acordo com a pessoa que somos e com o que queremos.
É preciso acreditarmos que mesmo que as nossas experiências nos pareçam indecifráveis, resta-nos aumentar esse campo de consciência.
A realização, ou seja, a verdadeira liberdade, nas palavras do psicanalista Jean-Pierre Lebrun, não é ser algo, ou ter algo, que nos daria uma alegria passageira, mas a de poder tornar-se. 
cristina simões

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