"A relevância da Neurociência Afectiva e
Social na Educação (....) os aspectos de cognição que são
intrinsecamente trabalhados nas escolas, nomeadamente, a aprendizagem, atenção,
memória, tomada de decisão e o funcionamento social, são profundamente
afectados pelos processos de emoção, a que chamamos o pensamento emocional.
Qualquer professor competente reconhece que as emoções e sentimentos afectam os
estudantes no seu desempenho e aprendizagem, assim como o estado do corpo, ou
seja, é tão importante como se os estudantes dormiram e comeram bem ou se se
sentem mal ou bem. Afirmamos, no entanto, que a relação entre a aprendizagem,
emoção e estado do corpo é mais profunda do que muitos educadores pressupõem.
Não é que as emoções ditem a nossa cognição, nem que o pensamento racional não
exista. A finalidade original da evolução do nosso cérebro é a de gerir a nossa
fisiologia, optimizar a nossa sobrevivência, o que nos permite prosperar.
Porque é que um estudante resolve um problema de matemática por exemplo? As
razões vão desde a intrínseca recompensa por ter encontrado a solução, para conseguir
uma boa nota, para evitar a punição, para ajudar um amigo, para entrar numa boa
faculdade, para agradar os seus pais ou o professor. Todas estas razões têm uma
forte componente emocional e dizem respeito tanto às sensações de prazer como
às de sobrevivência, na nossa cultura. Embora a noção de sobrevivência e
desenvolvimento seja interpretada num quadro cultural e social nesta avançada
etapa da evolução, o nosso cérebro continua ainda a evidenciar o seu propósito
original: gerir os nossos corpos e mentes ao serviço de viver, e viver felizes,
no mundo, juntamente com as outras pessoas.”
ANTÓNIO DAMÁSIO - Neurocientista português
ANTÓNIO DAMÁSIO - Neurocientista português
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