sexta-feira, 30 de maio de 2014

António Damásio -A relevância da Neurociência Afectiva e Social na Educação

"A relevância da Neurociência Afectiva e Social na Educação (....) os aspectos de cognição que são intrinsecamente trabalhados nas escolas, nomeadamente, a aprendizagem, atenção, memória, tomada de decisão e o funcionamento social, são profundamente afectados pelos processos de emoção, a que chamamos o pensamento emocional. Qualquer professor competente reconhece que as emoções e sentimentos afectam os estudantes no seu desempenho e aprendizagem, assim como o estado do corpo, ou seja, é tão importante como se os estudantes dormiram e comeram bem ou se se sentem mal ou bem. Afirmamos, no entanto, que a relação entre a aprendizagem, emoção e estado do corpo é mais profunda do que muitos educadores pressupõem. Não é que as emoções ditem a nossa cognição, nem que o pensamento racional não exista. A finalidade original da evolução do nosso cérebro é a de gerir a nossa fisiologia, optimizar a nossa sobrevivência, o que nos permite prosperar. Porque é que um estudante resolve um problema de matemática por exemplo? As razões vão desde a intrínseca recompensa por ter encontrado a solução, para conseguir uma boa nota, para evitar a punição, para ajudar um amigo, para entrar numa boa faculdade, para agradar os seus pais ou o professor. Todas estas razões têm uma forte componente emocional e dizem respeito tanto às sensações de prazer como às de sobrevivência, na nossa cultura. Embora a noção de sobrevivência e desenvolvimento seja interpretada num quadro cultural e social nesta avançada etapa da evolução, o nosso cérebro continua ainda a evidenciar o seu propósito original: gerir os nossos corpos e mentes ao serviço de viver, e viver felizes, no mundo, juntamente com as outras pessoas.” 

ANTÓNIO DAMÁSIO - Neurocientista português

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